segunda-feira, junho 20, 2011

Recife – Mindelo

Mussulo II

A tripulação


Para conhecerem bem a magnífica tripulação que vai levar o Mussulo II de volta a Cabo Verde, facilitemos, apresentando: três Carlos e um José! Fácil de fixar, hein? E também fácil saber que dois são médicos e dois engenheiros. Nada faltará a bordo, saúde, tecnologia e boa disposição.

Por ordem alfabética temos em primeiro lugar:

Carlos Ballarati, o mais jovem, 47 anos.

Medico Patologista Clínico, Presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clinica Medicina Laboratorial.
Navegador desde os 10 anos, quando em Ubatuba, aventureiro amador, tendo percorrido os seis continentes, fazendo trilhas e safáris fotográficos , inclusive na Antártica.
Percorreu o Brasil em 2001 a bordo de um Land Rover, passando pelas principais chapadas brasileiras.
Mergulhador e praticante de esportes de aventura.

Como se vê, se o Mussulo se enganar na rota, e em vez de seguirem para norte forem para o sul, já têm um expert em frio e gelo. Além disso eventual conserto no fundo do barco... está garantido.

Carlos Eduardo de Campos Maia, 61 anos, brasileiro, casado, três filhos, dois netos, engenheiro civil.
Consultor de tecnologia de informação aplicada à gestão de negócios, com ênfase em organizações sociais sem finalidades lucrativas.
Iniciou o contato com a vela com 14 anos quando construiu o seu primeiro veleiro a partir de um projeto publicado na revista Mecânica Popular.
Nos anos 70 adquiriu seu primeiro veleiro de oceano, um Guanabara de 23 pés, que foi um dos três primeiros veleiros do Yacht Club de Ilhabela, de onde foi Diretor de Vela e de Náutica por mais de 18 anos.
Foi um dos organizadores das primeiras semanas de vela de oceano de Ilhabela.
Nos anos 80 e 90 foi sócio diretor da Fast Yachts, fábrica de veleiros de oceano de 23 a 50 pés, fundador da Freeze Boat, fábrica de equipamentos para barcos, e sócio, projetista e construtor do Pier 26, estaleiro de serviços para embarcações no Guarujá.
Participou como organizador e velejador em diversas regatas no Brasil, Ilhabela, Santos, Angra dos Reis, Rio de Janeiro, Florianópolis, Salvador, Recife-Fernando de Noronha e atualmente é tripulante do Mussulo II e do Helios II com a função de Sail Trimer (ajustador de velas).
Com este currículo de regatas, vai encurtar a viagem!
Carlos Pereira de Almeida, o Nico, "longe dos 60".
Moçambicano do Chimoio, uma simpática cidadezinha ao longo do Caminho de Ferro da Beira-Zimbabwe, casado com a Eduarda, pai da Tânia, Tiago e Daniela e avô da Camila e João Pedro.
Engenheiro civil e farta-se de trabalhar. Fez, durante muito tempo, desporto de competição natação e vela. (Nos intervalos dos fartos trabalhos!)
Começou a velejar aos 16 anos em Lourenço Marques, Maputo, no Clube Naval.

Mais tarde, em Luanda seguiu o percurso de quase todos os velejadores angolanos. Fui para a “BUFA”, o meu Mestre foi o Coelho. Velejou ainda com o Barreno e Pescarias.
Tempos depois, ingressou no Clube Naval de Luanda, (grande) atleta desde 1969 a competir nos SNIPES no meio dos campeões todos, Paulo Santos, Domingos Borralho, Orlando Sena Rodrigues, F. Farinha, etc. Era “maçarico” (iniciante!) e foi uma boa escola. O seu último SNIPE era famoso, o “Chuleo”, por causa do fabricante.
Mais tarde passou para a vela de cruzeiro, no “Lecticia” (de seu Pai), depois o “Lwena” (o meu 1º cruzeiro – Zeester) e agora o “Lecticia II”( um catamaran igual ao Queen Mary!). Milhas navegadas, muitas, muitas mesmo, em diferentes mares, sempre com tripulação. Não pode navegar sozinho, porque nada sabe de mecânica, nem de electricidade e normalmente, nessas especialidades, onde mete a mão estraga ou desafina. Virtudes náuticas: bom “garfo” e não enjoa.
Desafios para o futuro, alguns. O mais importante, ensinar a 4ª geração da família, a gostar e andar à vela. Já começou pela neta Camila.
É Patrão de Costa e Irmão da Costa.
É tudo, e como diz o poeta;

“ navegar é preciso, viver não é preciso”.

(N.- Mas se não viver como vai navegar?)

E por fim, ou últimos são os primeiros e o comandante é o último a abandonar o barco, o único Zé, o famoso comandante dos Mussulos:
José Guilherme Pereira Caldas. 49 anos (bem vividos), médico neurorradiologista intervencionista, professor livre-docente do Departamento de Radiologia da Universidade de São Paulo, coordenador médico do Serviço de Radiologia Intervencionista do Hospital Sírio-Libanês em São Paulo. Profissional com grande experiência na área, 72 artigos publicados em revistas internacionais, organizador de livros (3), inúmeras palestras e participações em eventos nacionais e internacionais.
Velejador desde criança, aprendeu a velejar com o seu irmão mais velho - José Filipe, no Mussulo, uma ilha, ou melhor, uma restinga perto de Luanda e daí o nome dos seus barcos. Velejou na juventude em monotipos sendo o Snipe a classe em que disputou maior número de regatas especialmente enquanto morava em Vitória no Espírito Santo. Devido à necessidade de se dedicar aos estudos médicos deixou de velejar por 17 anos e retomou em 1999 com a aquisição de um oceano de 30 pés - o Liberty - no qual velejou pela costa do Brasil, muitas vezes em solitário, por mais de 3.000 milhas. Posteriormente sucedeu-se um B&B 35 pés e após um FAST 395, o primeiro Mussulo da série e com o qual foi a Angola e voltou. O Mussulo II - um Bavaria 49 - foi adquirido em Cabo Verde e trazido para o Brasil, nele venceu por duas vezes a Regata Sir Peter Blake (Regata de Volta à Ilhabela), 2009 e 2010 e foi segundo lugar na REFENO 2010, na sua classe. Nos últimos dois anos tem se dedicado às regatas e recentemente em sociedade com um amigo - Marcos Lobo, o Lelo - compraram um Delta 32 versão cruzeiro - o Helios - que está sendo adaptado para regatas e a próxima participação será na Semana de Vela de Ilhabela em julho.

Com esta tripulação, no tal Bavaria 49, e comunicação via satélite, gentileza da SISTEC, vale a pena dar a volta ao mundo!

A seguir vão as "belezas" dos magníficos, pela mesma ordem, só que duas do aventureiro da antártica para assegurar os friorentos:




Aqui, o Comandante no Bavaria 49


Bons ventos e muita água embaixo da quilha...





















terça-feira, junho 14, 2011

O novo Abraço

Recife – Mindelo

MUSSULO II

-2-

Perdão! No texto anterior fiz uma tremenda confusão! Em vez de emendá-lo, visto que já muita gente leu, prefiro fazer aqui a retificação. Vamos nessa:

1.- O Capitão Vingança NÃO é o Victor Neves, mas sim o João Costa. Assim, o extraordinário currículo apresentado como sendo do Victor é do famoso Capitão Vingança, de quem vai a seguir uma foto, com pouco cabelo, mas muitos milhares de milhas debaixo dos pés... e da quilha.

Como vêem, está a rir da minha cara, pela confusão feita, em vez de me insultar! Bem haja CV!
2.- Vamos agora ao currículo do Victor... pela negativa: o que ele deixa de fazer a bordo, de acordo com a opinião do Nico (a apresentar no próximo texto!)
Por dificuldades familiares e profissionais, o Victor não nos acompanha nesta viagem!
Elemento permanente da tripulação. Falta muito sentida, IMEDIATO esmerado e duma eficiência ímpar.
Responsável pela Logística, em terra e no mar, pelo “Service Room” a bordo, e pela produção de pão. (Que falta isto faz!) Desta vez, a única alternativa é passar a receita ao Balla.
Tesoureiro da tripulação, nunca prestou contas. (Nem precisava!)
Velejador exemplar. Mestre de cozinha de 1ª Classe.
Vamos deixar de ter anedotas de portugueses a bordo, e sentir a falta dele.
Não sabemos quanto tempo andou no mar, mas a verdade é que, com este “choro” que lhe fazem os habituais parceiros, vai mesmo fazer falta.
A foto com um peixe semi preparado, é mesmo dele.

Outra falha, (quase) imperdoável, é que não mostramos os responsáveis pela manutenção do Mussulo II, e sua ida até Recife. Digo “quase” porque só hoje chegou!
Aqui vão eles, Marcelo, Leo e Paulo, a quem não falta competência e boa disposição, e que devem ser uns ótimos parceiros a bordo.

Também já houve reclamações por não mostrar o Mussulo II, que, após a travessia ficará em Mindelo o que não seria justo. Aqui está ele em toda a sua beleza, sendo objeto de minuciosos, e indispensáveis cuidados




Na próxima serão apresentados os "navegantes"!


14/06/2011





segunda-feira, junho 13, 2011

O novo Abraço


Recife – Mindelo

MUSSULO II

Grandes preparativos, Mussulo II revisado, e duas equipas, a de mar, e outra de terra, prontas para o zarpar desta nova travessia.
Com tanta troca de informação entre as equipas, estamos em crer que se preparam para dar a volta ao mundo! Tripulação têm, boa, e barco também. Mas parece haver alguma saudade daquela linda terra das “mornas e coladeiras”, como a atração de Ulisses pelas sereias. Será isso... também? De forma que o programado é chegarem mesmo a Mindelo. Talvez faça mais doer não ir a Mindelo, do qeu dar a volta ao mundo.
Mas vamos lá: o barco.
Como já sabem o Mussulo II é um belíssimo Bavaria 49’, já fotografado no texto anterior, mas que foi submetido a rigoroso controle:
- a bomba do dessalinizador que estava estragada já funcionou perfeitamente, agora falta testá-la montada para ver se as membranas ainda estão operacionais;
- o Maia estava nos últimos "finalmentes" do freezer, mas ainda há alguns vazamentos que esperamos ser solucionados amanhã;
- amanhã (dia 8, passado) arrumação do barco e fazer uma velejada noturna, voltando no domingo para ver se tudo funciona;
- (dia 9) o barco está praticamente pronto para a viagem, arrumado, abastecido com diesel inclusive os tambores de reserva;
- observados pequenos detalhes (vazamento pequeno no boiler, estação de vento com mau contacto), que precisam serão logo corrigidos;
- o Leo virá buscar o barco na quarta feira. Ele vem a SP e vai com o Maia até o Rio;
- o freezer deve ficar pronto hoje, dia 10;
- o boiler foi consertado;
- os tambores de diesel estão amarrados;
- a elétrica está revisada;
- o dessalinizador funciona, mas só pode ser testado em alto mar para ver se realmente está a purificar a água.
- à saída de Ilhabela, a caminho não do Rio, mas de Vitória/ES, uma violenta frente fria, com ventos de 40’, obrigou a entrar na Baía da Guanabara para se proteger.
- nesta altura já vai a caminho de Salvador.
Moral da história: O Mussulo II esta pronto para enfrentar o belo passeio que será o trajeto entre Recife e Mindelo, apesar de prever grande parte do tempo, em contravento, bolina, ou até em bordos, para vencer as correntes e os alíseos a sul de Cabo Verde.
Vamos deixar para apresentar a gloriosa equipa de mar para o fim (os últimos serão os primeiros!) e vamos ver a equipa de apoio, em terra, que logo será esquecida pelos seguidores do blog!

Primeiro a senhora:
- Joana Amorim Moysés, agente de viagem (brilhante!), com o encargo de não deixar perder os tripulantes, e levá-los de volta a casa! Um para Angola, dois de volta ao Brasil via para Lisboa, onde um, o Maia, quer ficar um tempinho para conhecer o bom bacalhau, bom vinho, o leitão da Bairrada e a carne de porco à alentejana, em Évora. O comandante, com já foi dito, fará a coroação da sua carreira de velejador, regressando solitário no novo Mussulo II, um espetacular Bavaria 55’;
- depois a equipa de manutenção, Jerônimo, Wander e Edson, que serão apresentados noutra ocasião;
- com o cargo de mais alta responsabilidade, o Victor Neves, o conhecido Capitão Vingança que deverá preparar toda a previsão meteorológica, estudo de ventos & correntes, aconselha a rota, orienta o conserto de possíveis avarias, sem esquecer de transmitir a sua famosa de fazer pão a bordo, para ver qual dos novos candidatos a padeiro melhor se sai. Há prémio em disputa!
O currículo deste grande velejador é invejável, mas por razões muito especiais terá que ficar em terra. Vejam só que parceiro:
- Começou a navegar nas “Chatas de Tejo” aos 6 anos de idade. Aos 7 anos fazia barquinhos de brincar na selha de lavar roupa da minha mãe e rasgando os lençóis para as velas.
Seu primeiro barco Moss ( oferta do Sport Algés e Dafundo aos 8 anos e o pintou de azul e o baptizou com o nome de “Kontiki”. Como não tinha mastro improvisou um com um bordão.
Praticou vela intensiva no Clube Naval de Angola e na Escola de vela da casa do Desportiva em Luanda. Muitas regatas ao longo da Costa de Angola tendo sempre feito tripulação no Argus (que depois foi di-do “tio!) e nos zester sobre as ordens do Cmd José Barreno.
1 lugar na primeira regata ao Lobito a bordo o Argus I. E o a medalha de segundo classificado na 2 Regata ao Lobito a bordo do “Gabrisa”.
Em 1973 ajudado a meter os tubos para os pilares da (Primeira Varandinha) do “nosso” Club Naval.
Em 1975 sob seu comando o “Elise” navegou para a cidade de Cape Tonw (Passagem difícil). 9 anos vice–comodoro do S.B.Y.C. e cerca de 23 anos sócio (ainda me consideram sócio)
Naveguou ao longo da costa Sul Africana ( Atlântico e Indico) tendo rondado a ponta do Cabo 14 vezes em regatas e passagens normais entre False Bay e Saldanha Bay. Participando muito activamente no desenvolvimento da vela Sul Africana na Baía de Saldanha (Fundador das regatas “Fast-Log ) depois de ter ganho a primeira a bordo do seu “Kalunga” foi o seu organizador, Jury, e tudo o mais durante 15 anos.
A Regata da Irmandade da Costa por ele fundada chegou a ser internacional (África do Sul e Angola).
Com o seu 2 Barco o “Calema” naveguou na África do Sul 11.300 nm.
Passou Saldanha Bay-Luanda 3 vezes no comando do “Tuiga”,” Quimera” , “Uanga”;
Uma passagem entre Cape Town e Luanda no comando do “Kinga Só”: 6.000 nm.
Prestou serviços da Durban Maritime Net durante 23 anos prestando toda a assistência de ajuda rádio sobre metrologia e outros assuntos como ajuda de salvamento a centenas de veleiros que atravessavam entre o Cape e América do Sul ou Europa.
Dispos a sua experiencia de homem de metrologia ao “Casvic” Primeiro Português a dar a volta ao mundo em Solitário, assim como a sua audaz passagem entre Lisboa e a antiga Índia (Portuguesa) e volta. Para a comemoração dos 500 anos da chegada de Vasco da Gama a Calecut, tendo sido convidado pelo Governo Português para ter a honra de fazer a ligação a bordo com o Manuel Martins entre S. Miguel e Sines, entrando depois a bordo no dia da Inauguração na doca Exp 1988.
Prestou via rádio toda a informação sobre metrologia ao nosso Irmão da Costa José Fontes nas suas 2 voltas ao mundo a bordo do “Emigrante”.
Também colaborou nas 2 passagem do Mussulo, a primeira no inesquecível Abraço á Vela , e a 2ª entre Cabo Verde e Brasil, sendo nesta tripulante.
Agora também está presente na 3ª passagem entre Recife e Cabo Verde.
Fundou a Irmandade da Costa (B.O.C.S.A) onde ainda é o seu Vigia Internacional e tem o numero de Irmão nr. 1.
Com a ida de alguns elementos da Irmandade da Costa de Angola ao Chile terminou a missão de ajudar a reconhecer esta Mesa que estava inactiva e agora é classe A.
Reformado, jovem longe dos 70 anos é Engenheiro Elecro Mecânico curso acabado na África do Sul, onde foi Superintendente da parte eléctrica da maior frota de pesca do Hemisfério Sul (Sea Harvest).
Tem carta de Chefe de Máquinas, carta de Alto Mar (Sul Africana).
(“Nota da Redação”: Alguém a credite que Vasco da Gama, Cabral, Colombo ou qualquer deles tivesse este currículo marítimo?)

 
- por fim, o “falador” tio Chico, que se limitou a ajudar a planejar a lista da “papa” que será devorada durante o trajeto, “redator em chefe” (e sub-chefe!) do blog, preocupado para repassar as notícias o mais fresquinhas possível, retransmissor diário da meteorologia, e, de certeza, o mais triste por não poder participar... na água. Além disso estar com qualquer currículo depois do que vemos do Victor... só poderia dizer que viajou de navio diversas vezes entre Portugal e Angola e... olhe lá!

No próximo texto falaremos dos “magníficos velejadores” porque já apresentámos a sua “máquina voadora”!
Hoje só algumas "personagens de terra":
Primeiro a melhor agente de viagens do planeta ao lado do “tio” do blog; a seguir Victor, o grande navegador, e uma idéia das suas qualidades culinárias, e por fim o "tio" durante o famoso Abraço a caminho de Luanda.



 
13-06-2011

quarta-feira, junho 01, 2011


Mussulo I

a seguir Mussulo II

e não tarda aí o

Mussulo III


Velejador é assim mesmo. Faz parte do habitual quadro clínico da “doença da vela e do mar”, o querer trocar o “atual” barco por um outro, ou maior, ou mais rápido, ou mais oceânico, ou com menor calado para visitar regiões de corais, ou... mais adaptado para a vela em solitário! Mas o trocar, para quem sonha (e pode!) é doença incurável.

São as yaras nos rios ou as nereíades no mar, as lindas sereias que povoam o imaginário do homem do mar que tanto as ama e deseja, como as respeita, e mulheres que são acabam sempre por vencer.

Não adianta encher os ouvidos com cera, porque o seu canto está nos corações dos aventureiros.

Zé Guilherme nasceu com essa doença... incurável, pelos vistos! Após o final da 1ª série de barcos desde monotipos até ao veleiro de 36’, começou uma nova era cujo ponto alto foi o “Abraço à Vela” entre o Rio e Luanda, no famoso “Mussulo I”.

Logo a seguir estava metido em regatas: Recife - Fernando de Noronha, as muitas voltas a Ilhabela, a sociedade num 32’ especialmente preparado para as regatas, até que entretanto, há dois anos o “Mussulo I” foi trocado pelo “Mussulo II”, saído de Mindelo, Cabo Verde, para o Brasil, conforme, este nosso blog divulgou.

Vai regressar ao seu ponto de partida o “Mussulo II”. O lindo Bavaria 49’, volta para casa com uma tripulação cheia de raça! Raça de gente do mar.

E lá vem nova troca. O “Mussulo III”. Um maravilhosos Bavaria 55’, com um plus (não o dos tribunais...) com uma aventura muito mais empolgante.

Zé Gulherme vai regressar de Lisboa, nesse “transatântico” Mussulo III, mas em solitário.

De qualquer modo o melhor é leram o comunicado que ele mesmo acabou de fazer (atenção: ele enganou-se no endereço do blog que vai, abaixo, correto):



Aos amigos, colaboradores, colegas e amantes da vela:

Estamos para iniciar mais uma travessia do Atlântico numa época pouco convencional e vimos através desta buscar a vossa amizade e apoio para que a vossa energia possa nos acompanhar e levar tudo a bom termo...
Viver os seus sonhos é alguma coisa considerada utópica pela maioria das pessoas. No entanto esta tripulação diz ao mundo que isto não é verdade, temos de andar na contra-mão da história! Os sonhos podem ser alcançados se investirmos neles.
Nessa perspectiva iniciamos o “ABRAÇO À VELA” em dezembro de 2005 com uma viagem que ligou o Brasil a Angola, num pequeno veleiro de 40 pés - o MUSSULO - e três tripulantes (Francisco Amorim, Matheus Miranda Barbosa e eu), cuja intenção, para mim, era retornar ao país mãe, ao país que me formou e que me deu as maiores alegrias e satisfações. Para um o reencontro com as raízes, para outro o retorno ao país que lhe deu as maiores alegrias e para outro ainda a visão de um novo mundo. Em 31 dias de viagem o Mussulo refez uma rota navegada pela última vez em 1849 por portugueses que revoltados com a política colonizadora no Brasil retiraram-se para Angola e chegaram a Mossâmedes (como se escrevia nessa época), atual Namibe. Provou que o Oceano Atlântico não é uma barreira entre Brasil e Angola, mas sim um meio de interligar os dois países, ou seja, o mar, os rios, são meios de interligar pessoas e não barreiras como muitos pensam. Os portugueses (aqueles do antigamente) pensaram assim e fizeram exatamente isso, usaram as barreiras dos oceanos como aliados e transformaram os mesmos em pontes ou melhor dizendo “vias”de interligação pelo mundo afora. No Google a nossa travessia e o site http://www.abracoavela.blogspot.com/ (este blog) tem mais de 2.750.000 acessos.
Em 2005/2006 levamos a Angola UM ABRAÇO e em 2009 cumprimos a mesma tarefa, mas desta vez de Cabo Verde para o Brasil. Trouxemos o MUSSULO II de Mindelo para o Brasil com uma tripulação predominantemente angolana (Carlos Pereira de Almeida – o Nico, Victor Mestre, Bernardo Guerreiro e eu) e cumprimos mais uma etapa deste projeto que divulga a vela, o espírito de aventura e principalmente divulga a possibilidade de efetivar os seus sonhos e desejos.
Neste novo projeto o próximo “ABRAÇO À VELA” iniciará em 16 de julho de 2011 uma viagem de volta para Cabo Verde com quatro tripulantes (Carlos Pereira de Almeida, Carlos Campos Maia, Carlos Ballarati e eu) e levará o Mussulo II de volta a Mindelo onde ficará à espera de um novo dono que seja digno dele. Devido à época do ano esperamos ter vento contra durante uma boa parte do trajeto, mas teremos a compensação de não ter as calmarias do Equador...
A volta será feita de Lisboa para o Brasil com o novo Mussulo III e a novidade é que a viagem será em solitário, apenas eu! Mais um desafio para comemorar os 50 anos de vida e para rever (apesar dos confortos dos barcos modernos) como foi a odisséia dos nossos antepassados. Pela primeira vez um português de angola fará uma “travessia trans-oceânica” em solitário!!!
Como disse no começo deste texto o apoio de todos é parte do sucesso deste empreendimento, mantenham contato com o site http://www.abracoavela.blogspot.com/ (este mesmo blog) encham de boa energia esta iniciativa e recebam as notícias atualizadas bem como façam os comentários que desejarem.
Abraços à vela e muita água embaixo da quilha é o que desejamos a todos

J Guilherme Caldas

N. Final: para ficarem com mais inveja vejam também o site: http://www.bavaria-yachtbau.com/en/sailing-yachts/cruiser-55.html
 
01/06/2011