terça-feira, agosto 11, 2009

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De Mindelo em Cabo Verde
ao Recife no Brasil
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Muita gente acompanhou mais este “Abraço à Vela”, mas é possível que grande parte desses acompanhantes pouco saiba sobre a cidade do Mindelo.
Na história de Portugal fala-se (ou falava-se ?) muito no famoso desembarque no Mindelo, onde D.Pedro I/IV, saído dos Açores, foi “resolver” o problema da sucessão entre sua filha, D. Maria II e o irmão D. Miguel e tentar dar mais liberdade ao povo, mas que só ajudou a fomentar uma guerra civil que durou um monte de anos, enquanto o país, pequenino e pobre se foi degradando cada vez mais.
Este Mindelo nada tem a ver com o caboverdeano. Aquele fica no Norte de Portugal em Vila do Conde, apesar de não ter sido aí o desembarque de 1832, mas uns 10 quilometros mais a Sul, perto de Matosinhos, ficou com a fama, o que não altera a história de Portugal, muito menos a dos nossos navegadores que saíram da simpática cidade de Mindelo, nem quilómetro abaixo, nem acima!

Mindelo, Cabo Verde, visto pelo Google

Mindelo, o “nosso”, na ilha de São Vicente, descoberta em 1462, pertence ao grupo das ilhas de Barlavento, mais a Norte, tem um clima agradável, e gente ainda mais. O seu Porto Grande, o melhor de todas as ilhas foi quem lhe proporcionou o desenvolvimento que hoje continua a ter.

Mapa "turístico" de Cabo Verde


e visto pelo Google


Só no começo do século XVIII a ilha começa a ter alguns habitantes, tendo começado por se chamar Nossa Senhora da Luz, depois D. Rodrigo, mais tarde Vila Leopoldina em homenagem à Imperatriz do Brasil, mulher de D. Pedro I, e só em 1838 fixou o seu nome em Mindelo. Em 1858 foi elevada à categoria de Vila e em 1879 a cidade. Neste século XVIII algumas das outras, como Santiago, Fogo, Brava, foram alvo de constante ataque de piratas, franceses e ingleses, que roubavam e destruíam tudo o que as pobres populações, Deus sabe com que esforço, obtinham para sobreviver em clima tão difícil.
Com o início da navegação a vapor fez-se necessário um ponto de escala e reabastecimento de carvão para os navios que demandavam a América do Sul, a África e até o Oriente, uma vez que não existia ainda o Canal do Suez.
Assim em 1850 o governo português autoriza o cônsul britânico, John Rendall, a instalar na ilha um depósito de carvão, com essa finalidade.
Começa aí o desenvolvimento de São Vicente e particularmente de Mindelo onde se encontra o seu magnífico porto de mar, que volta a decair quando os navios deixam o carvão como combustível e passam a óleos. As companhias petrolíferas interessam-se pela “herança” e instalam depósitos de nafta. Hoje, já sem essa “clientela” marítima Mindelo voltou a crescer, é já um magnífico atrativo para o turismo, não só para aqueles que indo da Europa procuram lugares exóticos e sossegados para curtir umas belas férias, como praticamente todos os velejadores que cruzam o Atlântico, para as Américas ou para África. Os nossos navegantes trouxeram saudades dos bons “Abraços” que deram naquela terra, das mornas e coladeiras que por lá ouviram (e dançaram ?), e continuam agradecidos a todos aqueles que os ajudaram,

inclusive o garoto que auxiliou o grande mestre de cozinha nos magníficos petiscos que por lá preparou!
Saravá, Mindelo!


do Brasil, por Francisco G. de Amorim

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