sexta-feira, novembro 23, 2007

Lançamento do Livro em Luanda

Foi uma "festa" bonita!
Rodeados de amigos e "marinheiros" de vela ou de motor, animação "à angolana", agitação na esplanada do Club Naval de Luanda, noite bonita, uma brisa suave, dengosa, a dizer-nos baixinho para não sairmos mais de Angola!
São as "kiandas" das águas doces e salgadas a acariciar-nos e a quererem levar-nos para os reinos de fantasia das profundezas!
Bonitas as palavras dos apresentadores do livro. Primeiro do Mário Fontes, como Presidente do Club e depois do Zé Batista Borges representando os amantes do mar.
E os velejadores, José Guilherme e tio Chico com dificuldade em lhes agradecer, bem como aos que tornaram possível a existência do livro e a festa de lançamento.
Bem hajam a todos


MUSSULO, UM ABRAÇO À VELA
Brasil – Angola – Brasil, o realizar de um velho sonho
Por Francisco Amorim, o “Tio Chico”

Lançamento do livro no Clube Naval de Luanda
Apresentação de Mário Fontes
16.Novembro.2007

O conteúdo do livro que é hoje aqui apresentado, centra-se em duas componentes principais:
- a AVENTURA, inerente à realização de duas travessias no Atlântico Sul ( Rio de Janeiro – Namibe e Luanda – Santa Helena – Rio de Janeiro)
- o SENTIMENTO, que decorre do regresso a ANGOLA de dois dos tripulantes, o Comandante José Guilherme e o Provedor de Proteínas, o Tio Chico, após uma ausência longa de 30 anos.
Por não ter vivência em qualquer uma delas, já que nunca fiz uma travessia e nunca tive outra casa senão Angola, não poderei, com a devida propriedade, apreciar o que este livro expressa e procura transmitir.
Porem, sendo um amante do Mar e da Aventura, e um Ser Humano que, por definição, “sente”, li este livro “de um bordo só”, como num largo de ventos prazenteiros e bonançosos.
A descrição da preparação da viagem, feita em tempo record, é pedagógica e útil, mesmo para quem não se queira aventurar a passeios tão longos.
Percebemos a complexidade de algo que à primeira vista parece simples, afinal é só ir de barco de um porto a outro!
Várias lições se extraem, em todos os aspectos da preparação, com relevo para o equipamento, a redundância, a segurança.
No capítulo da Alimentação a Bordo, o leitor pode recolher muitas ideias interessantes e originais, e também e mais uma vez comprovar que, afinal, no receio de passar fome, sempre sobejam provisões.
Mas o velho ditado, “quem vai para o mar avia-se em terra” tem que ser respeitado, mais valendo sobrar do que faltar.
Confrontados com vários problemas e falhas de equipamento, transparece que é afinal a COESÃO DA EQUIPA o elemento mais importante para enfrentar situações adversas.
E este TRIO demonstrou ser uma verdadeira equipa.
O rever de Angola tantos anos depois, em especial para o Tio Chico que aqui viveu, nas suas próprias palavras, “o período de mais entusiasmo na vida de qualquer homem”, com o reencontro de pessoas, lugares e paisagens, despoletaram sentimentos fortes e que abalariam o mais empedernido.
O livro é também uma lição do SENTIR, SAUDADE e AMIZADE.
Gostei de ler e recomendo.
Parabéns à tripulação do Mussulo por este ABRAÇO.
Parabéns Tio Chico.
Muito obrigado.
Mário Fontes
* * * * * * * * * * * *
"MUSSULO"!
UM ABRAÇO A VELA!

Um abraço, um simples beijo, um carinho, exige sempre a participação de dois seres, ligados de qualquer forma, por laços de amizade, respeito mútuo, vivências conjuntas, anteriores ou actuais
O Brasil é sinónimo de uma grande terra, de um grande País!
A Angola de agora é um País novo, cujas raízes muito antigas, estão espalhadas, quer queiramos ou não, pelos 4 cantos do Mundo!
Angola tenho-a não só como o País que me viu nascer, ao meu Pai, irmãs, e tantos outros!
Uma Mãe de regaço enorme, com profundas riquezas, onde a que mais se nota é a amizade com tudo e com todos, o bem receber, o dar sem querer nada em troca, apanágio deste bom Povo!
Apesar duma guerra, imposta, durante mais de 30 anos, apesar das dificuldades que quase todos ainda atravessamos, continuamos a ser como dantes, a sermos nós, a sermos verdadeiramente acolhedores, enfim, a sermos Angolanos!
Infelizmente não pude receber o veleiro Mussulo, como queria!
Dar finalmente um abraço ao Tio Xico grande amigo do meu pai, que me reconheceu ontem pelas parecenças! Ao Zé Guilherme Pereira Caldas, que conheço desde miúdo!
Estava na altura ausente de Angola, mas a acompanhar atentamente a viagem via Internet!
Comigo estavam muitas gentes do Mar, da Terra, e porque não do Ar, que em todo o Mundo se preocuparam com esta sempre audaciosa viagem, num barco que não passava de uma simples gota no Oceano!

"O REVER DAQUELA TERRA, I O SENTIR UM POVO EXTREMAMENTE SOFRIDO, COM TANTOS E TANTOS ANOS DE SERVIDÃO E GUERRA, QUE MANTÉM UMA FORTISSIMA ESPERANÇA MANIFESTADA POR UMA POSTURA SIMPLES MAS ALEGRE NUMA AGITAÇÃO INCONCEBIVEL TENTANDO SIMPLESMENTE VENDER A OUTREM O QUE QUER QUE SEJA! “
À ESPERA QUE OS RESPONSÁVEIS ESQUEÇAM OS SEUS PRÓPRIOS INTERESSES E AINDA ALGUNS O PROBLEMA DAS CORES DAS PELES..."
"QUE SE DEIXE DE DISCUTIR SE O TEMPO COLONIAL FOI BOM OU RUIM! TODOS NÓS VINDOS DE ONDE QUER QUE SEJA, DE QUALQUER PARTE DO MUNDO SOMOS
MESTIÇOS DE TANTOS POVOS QUE SEMPRE, SEMPRE, SE CRUZARAM,
CONQUISTARAM, FORAM CONQUISTADOS, E SE EXPANDIRAM."
"NÃO PERCAM JAMAIS, A ESPERANÇA.
NEM ESQUEÇAM QUE ESPERANÇA NÃO É PLANO DE VIDA.
HÁ QUE PLANEJAR O FUTURO! JA HOJE! PARA TODOS,
SEMPRE COM TODA A ESPERANÇA E MUITO ENTUSIASMO". (sic páginas 170 e 171)

Esta foi uma (pen) última mensagem aos angolanos dada pelo Autor do livro, o Tio Xico!
Depois de ter lido "Um Abraço á Vela", certifiquei-me que mais uma vez não deixamos os créditos do receber angolano, por mãos alheias!
Recebemos os nossos amigos do outro lado, com muitas raízes depositadas aqui, da melhor forma de que fomos capazes e eles no livro frisam-no maravilhosamente!
Conheci o Pai Pereim Caldas nos meus tempos de meninice e.convivi muito com os seus filhos, mais novos do que eu, a quem, por nítida diferença de idades, não podia dar muita confiança!
"Mudam-se os tempos mudam-se as vontades" e foi com imensa pena que não pude estar no Clube Naval a receber, não os heróis, porque de heroismos estamos fartos, mas os nossos companheiros velejadores que cumpriram um sonho que todos nós amantes da vela, algum dia gostaríamos de ver realizado, uma travessia Atlântica!
Vimos todos os dias chegarem ao Clube Naval: novos barcos á vela!
Raramente os vemos zarpar, fundeados em imóveis poitas e marinas!
Limitam-se, em fins-de-semana mais prolongados, a servirem de hotéis aos seus Comandantes e famílias, na sempre calma Baía do Mussulo!
Apenas mantemos na Angola actual a regata Luanda Lobito-Luanda (440 milhas), quando em 1988, os nossos veleiros, em regatas diversas, ultrapassavam de longe a milhagem coberta por todos os regateiros de Portugal!
A minha Mãe sempre me ensinou que qualquer visita, desde a mais simples á mais complicada, tinha que ser sempre retribuída!
Não terá chegado a hora de retribuirmos ao José Guilherme Mendes Pereira Caldas, ao Tio Xico, ao Matheus Miranda Barbosa, extensivo a todo o Brasil, esse grande abraço que nos deram em 2005/2006?
Proponho aqui, no lançamento deste livro simples, honesto, de leitura fácil, sempre absorvente, cuja feitura voltou a despertar em mim e penso que não só, um sonho antigo, o enorme desejo de começar a pensar, já, numa travessia Atlântica!
Aconselho vivamente a leitura desta obra, quanto mais não seja para sentirmos um pouco, o nervoso miudinho de não estarmos lá!
Enfrentando tempestades, rizando velas, reparando as rasgadas, baloiçando ao acaso nas irritantes calmarias e sorrindo para os golfinhos que passam!
Que se organize a partir de hoje um outro abraço!
Desta feita Angola - Brasil - Angola, muito facilitado pela experiência bem expressa nesta obra pelos navegantes da embarcação Mussulo!
Para que fique registado na História dos nossos dois Paises, que a saudade de um abraço, só pode ser diluída, com um outro abraço de saudade!

Baptista Borges

N. Fotos do lançamento... só daqui a alguns dias!

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