sábado, novembro 24, 2007

“Regresso dos Cavaleiros da “Ordem da Gota d´Água no Oceano”

“Regresso dos Cavaleiros da “Ordem da Gota d´Água no Oceano”
A semana que acabou ontem, teve como protagonistas de relevo, 2 dos Valentes Marinheiros do Veleiro “Mussulo, que em Janeiro de 2005, trouxe a Luanda, depois de uma corajosa e arriscada travessia atlântica, ligando o Rio de Janeiro a Luanda, e consecutivamente, o Brasil a Angola, cujo nome de projecto teve como designação: “Um Abraço à Vela”, e que, acabou dando título ao Livro “Mussulo – Um Abraço à Vela”, escrito pelo tio Chico (Francisco Amorim), o mais velho dos Bravos Tripulantes, o qual, foi lançado aqui em Luanda, ontem, dia 15 de Novembro, quase 3 anos depois de tal epopeica aventura oceânica.
O acto solene do lançamento, aconteceu no Clube Naval de Luanda, cujos associados, estiveram entre aqueles que primeiro receberam o “Mussulo”, ao largo da famosa Ilha do Mussulo, que se situa ao largo da região costeira sudeste de Luanda.
Presentes para o acto, estiveram entre associados e amigos, à volta de umas 50 pessoas, tendo grande parte adquirido o Livro, ao preço de simbólico valôr.
O acto foi presidido pelo Jacques dos Santos, Membro da União de Escritores Angolanos e Presidente da Associação Cultural “Chá de Caxinde”, que ao mesmo tempo, tem como membros alguns dos mais conhecidos Escritores e Intelectuais cá da praça, tendo ainda tido como introdutor e apresentador da presente obra literária, o associado do Clube Naval, Baptista Borges, que fez uma muito bem conseguida introdução verbal ao livro “Mussulo – Um Abraço à Vela”.
Consideramos estarem de Parabéns, tanto o Tio Chico, como o próprio Comandante do Mussulo, o Guilherme Caldas, que foi talvez, o principal protagonista desta epopeia aventureira marítima, que ao mesmo tempo, é o dono do veleiro “Mussulo” e promotor principal dessa viagem oceânica, que ao fim e ao cabo, e como bem disse Baptista Borges,a determinado momento de sua intervenção apresentadora da obra, uma gota de água num imenso oceano.
Estamos em crer que, essa sua introdução verbal, de profundidade e sensibilidade elevadas, virá a ser brevemente divulgada na Internete, pelo Tio Chico, quando em seu regresso, esta semana que vem, ao Basil, dando a todos que aqui nos acompanham nesta narrativa escrita, o teor da bela intervenção/introdução do Baptista Borges.
A seguir à introdução do acto do lançamente do Livro, deu–se o acto consecutivo da assinatura de autógrafos, por Tio Chico, numa mesa, e por Guilherme Caldas, situado numa mesa oposta à do Tio Chico.
Antes e depois da aquisição do Livro e da sessão de assinaturas de autógrafos, houve tempo para muita troca de saudações, pedaços de estórias e histórias, tanto da viagem em si, como de outras sobre vivências passada e actuais, em Angola, para beberete e para petiscar alguns salgados, o que engrandeceu sobremaneira o convívio dos que ali estiveram entusiásticamente presentes ao acto e que muito ajudaram a engrandecer o acto em si.
Muitas fotos foram tiradas, as quais, esperamos venham a ser colocadas em breve aqui na Internete, para posterior envio para todos aqueles e aquelas que nutriram e continuam a nutrir interesse por tal valorosa façanha, que acabou ligando Brasil e Angola num fraternal e elevadamente simbólico “Abraço à Vela”...
Um abração respeitoso a todos os que seguiram o dia-a-dia da travessia do “Mussulo” e seus intrépidos guerreiros das ondas do mar.

manuel de sousa
Luanda – Angola

sexta-feira, novembro 23, 2007

Lançamento do Livro em Luanda

Foi uma "festa" bonita!
Rodeados de amigos e "marinheiros" de vela ou de motor, animação "à angolana", agitação na esplanada do Club Naval de Luanda, noite bonita, uma brisa suave, dengosa, a dizer-nos baixinho para não sairmos mais de Angola!
São as "kiandas" das águas doces e salgadas a acariciar-nos e a quererem levar-nos para os reinos de fantasia das profundezas!
Bonitas as palavras dos apresentadores do livro. Primeiro do Mário Fontes, como Presidente do Club e depois do Zé Batista Borges representando os amantes do mar.
E os velejadores, José Guilherme e tio Chico com dificuldade em lhes agradecer, bem como aos que tornaram possível a existência do livro e a festa de lançamento.
Bem hajam a todos


MUSSULO, UM ABRAÇO À VELA
Brasil – Angola – Brasil, o realizar de um velho sonho
Por Francisco Amorim, o “Tio Chico”

Lançamento do livro no Clube Naval de Luanda
Apresentação de Mário Fontes
16.Novembro.2007

O conteúdo do livro que é hoje aqui apresentado, centra-se em duas componentes principais:
- a AVENTURA, inerente à realização de duas travessias no Atlântico Sul ( Rio de Janeiro – Namibe e Luanda – Santa Helena – Rio de Janeiro)
- o SENTIMENTO, que decorre do regresso a ANGOLA de dois dos tripulantes, o Comandante José Guilherme e o Provedor de Proteínas, o Tio Chico, após uma ausência longa de 30 anos.
Por não ter vivência em qualquer uma delas, já que nunca fiz uma travessia e nunca tive outra casa senão Angola, não poderei, com a devida propriedade, apreciar o que este livro expressa e procura transmitir.
Porem, sendo um amante do Mar e da Aventura, e um Ser Humano que, por definição, “sente”, li este livro “de um bordo só”, como num largo de ventos prazenteiros e bonançosos.
A descrição da preparação da viagem, feita em tempo record, é pedagógica e útil, mesmo para quem não se queira aventurar a passeios tão longos.
Percebemos a complexidade de algo que à primeira vista parece simples, afinal é só ir de barco de um porto a outro!
Várias lições se extraem, em todos os aspectos da preparação, com relevo para o equipamento, a redundância, a segurança.
No capítulo da Alimentação a Bordo, o leitor pode recolher muitas ideias interessantes e originais, e também e mais uma vez comprovar que, afinal, no receio de passar fome, sempre sobejam provisões.
Mas o velho ditado, “quem vai para o mar avia-se em terra” tem que ser respeitado, mais valendo sobrar do que faltar.
Confrontados com vários problemas e falhas de equipamento, transparece que é afinal a COESÃO DA EQUIPA o elemento mais importante para enfrentar situações adversas.
E este TRIO demonstrou ser uma verdadeira equipa.
O rever de Angola tantos anos depois, em especial para o Tio Chico que aqui viveu, nas suas próprias palavras, “o período de mais entusiasmo na vida de qualquer homem”, com o reencontro de pessoas, lugares e paisagens, despoletaram sentimentos fortes e que abalariam o mais empedernido.
O livro é também uma lição do SENTIR, SAUDADE e AMIZADE.
Gostei de ler e recomendo.
Parabéns à tripulação do Mussulo por este ABRAÇO.
Parabéns Tio Chico.
Muito obrigado.
Mário Fontes
* * * * * * * * * * * *
"MUSSULO"!
UM ABRAÇO A VELA!

Um abraço, um simples beijo, um carinho, exige sempre a participação de dois seres, ligados de qualquer forma, por laços de amizade, respeito mútuo, vivências conjuntas, anteriores ou actuais
O Brasil é sinónimo de uma grande terra, de um grande País!
A Angola de agora é um País novo, cujas raízes muito antigas, estão espalhadas, quer queiramos ou não, pelos 4 cantos do Mundo!
Angola tenho-a não só como o País que me viu nascer, ao meu Pai, irmãs, e tantos outros!
Uma Mãe de regaço enorme, com profundas riquezas, onde a que mais se nota é a amizade com tudo e com todos, o bem receber, o dar sem querer nada em troca, apanágio deste bom Povo!
Apesar duma guerra, imposta, durante mais de 30 anos, apesar das dificuldades que quase todos ainda atravessamos, continuamos a ser como dantes, a sermos nós, a sermos verdadeiramente acolhedores, enfim, a sermos Angolanos!
Infelizmente não pude receber o veleiro Mussulo, como queria!
Dar finalmente um abraço ao Tio Xico grande amigo do meu pai, que me reconheceu ontem pelas parecenças! Ao Zé Guilherme Pereira Caldas, que conheço desde miúdo!
Estava na altura ausente de Angola, mas a acompanhar atentamente a viagem via Internet!
Comigo estavam muitas gentes do Mar, da Terra, e porque não do Ar, que em todo o Mundo se preocuparam com esta sempre audaciosa viagem, num barco que não passava de uma simples gota no Oceano!

"O REVER DAQUELA TERRA, I O SENTIR UM POVO EXTREMAMENTE SOFRIDO, COM TANTOS E TANTOS ANOS DE SERVIDÃO E GUERRA, QUE MANTÉM UMA FORTISSIMA ESPERANÇA MANIFESTADA POR UMA POSTURA SIMPLES MAS ALEGRE NUMA AGITAÇÃO INCONCEBIVEL TENTANDO SIMPLESMENTE VENDER A OUTREM O QUE QUER QUE SEJA! “
À ESPERA QUE OS RESPONSÁVEIS ESQUEÇAM OS SEUS PRÓPRIOS INTERESSES E AINDA ALGUNS O PROBLEMA DAS CORES DAS PELES..."
"QUE SE DEIXE DE DISCUTIR SE O TEMPO COLONIAL FOI BOM OU RUIM! TODOS NÓS VINDOS DE ONDE QUER QUE SEJA, DE QUALQUER PARTE DO MUNDO SOMOS
MESTIÇOS DE TANTOS POVOS QUE SEMPRE, SEMPRE, SE CRUZARAM,
CONQUISTARAM, FORAM CONQUISTADOS, E SE EXPANDIRAM."
"NÃO PERCAM JAMAIS, A ESPERANÇA.
NEM ESQUEÇAM QUE ESPERANÇA NÃO É PLANO DE VIDA.
HÁ QUE PLANEJAR O FUTURO! JA HOJE! PARA TODOS,
SEMPRE COM TODA A ESPERANÇA E MUITO ENTUSIASMO". (sic páginas 170 e 171)

Esta foi uma (pen) última mensagem aos angolanos dada pelo Autor do livro, o Tio Xico!
Depois de ter lido "Um Abraço á Vela", certifiquei-me que mais uma vez não deixamos os créditos do receber angolano, por mãos alheias!
Recebemos os nossos amigos do outro lado, com muitas raízes depositadas aqui, da melhor forma de que fomos capazes e eles no livro frisam-no maravilhosamente!
Conheci o Pai Pereim Caldas nos meus tempos de meninice e.convivi muito com os seus filhos, mais novos do que eu, a quem, por nítida diferença de idades, não podia dar muita confiança!
"Mudam-se os tempos mudam-se as vontades" e foi com imensa pena que não pude estar no Clube Naval a receber, não os heróis, porque de heroismos estamos fartos, mas os nossos companheiros velejadores que cumpriram um sonho que todos nós amantes da vela, algum dia gostaríamos de ver realizado, uma travessia Atlântica!
Vimos todos os dias chegarem ao Clube Naval: novos barcos á vela!
Raramente os vemos zarpar, fundeados em imóveis poitas e marinas!
Limitam-se, em fins-de-semana mais prolongados, a servirem de hotéis aos seus Comandantes e famílias, na sempre calma Baía do Mussulo!
Apenas mantemos na Angola actual a regata Luanda Lobito-Luanda (440 milhas), quando em 1988, os nossos veleiros, em regatas diversas, ultrapassavam de longe a milhagem coberta por todos os regateiros de Portugal!
A minha Mãe sempre me ensinou que qualquer visita, desde a mais simples á mais complicada, tinha que ser sempre retribuída!
Não terá chegado a hora de retribuirmos ao José Guilherme Mendes Pereira Caldas, ao Tio Xico, ao Matheus Miranda Barbosa, extensivo a todo o Brasil, esse grande abraço que nos deram em 2005/2006?
Proponho aqui, no lançamento deste livro simples, honesto, de leitura fácil, sempre absorvente, cuja feitura voltou a despertar em mim e penso que não só, um sonho antigo, o enorme desejo de começar a pensar, já, numa travessia Atlântica!
Aconselho vivamente a leitura desta obra, quanto mais não seja para sentirmos um pouco, o nervoso miudinho de não estarmos lá!
Enfrentando tempestades, rizando velas, reparando as rasgadas, baloiçando ao acaso nas irritantes calmarias e sorrindo para os golfinhos que passam!
Que se organize a partir de hoje um outro abraço!
Desta feita Angola - Brasil - Angola, muito facilitado pela experiência bem expressa nesta obra pelos navegantes da embarcação Mussulo!
Para que fique registado na História dos nossos dois Paises, que a saudade de um abraço, só pode ser diluída, com um outro abraço de saudade!

Baptista Borges

N. Fotos do lançamento... só daqui a alguns dias!

sábado, novembro 17, 2007

terça-feira, novembro 06, 2007

ATENÇÃO ANGOLA


Depois de lançado o livro "Mussulo - Um Abraço à vela" em Lisboa, conforme este blog já divulgou, será a vez de Luanda.

No próximo dia 16 de Novembro, pelas 18H00 no Club Naval de Luanda, que tão festiva e galhardamente nos recebeu quando ali chegámos em Janeiro de 2006.

Estarão presentes o "Comandante" José Guilherme e o "Contador da história", Francisco Amorim, o tio Chico.

Vai ser uma oportunidade fantástica rever os amigos que tão bem nos receberam.

Até breve

domingo, setembro 23, 2007

Lançamento do livro em Portugal





Entrevista na televisão portuguesa

No dia 19 de setembro o tio Chico foi entrevistado pela Fátima Lopes (SIC - Portugal). Aqui está o grande momento para quem não conseguiu assistir ao programa.

http://www.youtube.com/watch?v=AKppMrTyjOs

quarta-feira, setembro 05, 2007

Mais um pouco do livro

O velho "Argus" dentro do Mussulo em 1969



Dia 06/Jan
O rádio cada vez pior, se possível isso fosse, não permitindo saber se ao menos as coordenadas do meio dia tinham sido entendidas. Já não se conseguia transmitir nada. Tão logo o rádio dava sinais de recuperar tentava-se emitir somente: - Amanhã à tarde Mussulo. Mas nem isso se captou!
Ao meio dia do dia 6, motor desligado, quase 8 nós, vento de través soprando de SSW, céu limpo, mar com ondulação dengosa, uma beleza. Todos de tronco nu, até o Tio pela primeira vez, mas abrigado, à sombra, sem o chapéu que percorrera 4.000 milhas.
À noite o vento bom manteve-se até tarde, do mesmo quadrante e assim que caiu voltou o motor. Não se podia perder nem mais um instante!
As comunicações pelo rádio praticamente impossíveis. Mal se informava que o destino era o Mussulo e não Luanda, assim mesmo mal compreendidos pelos interlocutores.
Durante este trajeto ninguém quis saber de soltar uma isca-amostra para pegar peixe que, certamente naquela rica costa, não faltaria. O que todos queriam, muito, era chegar logo ao Mussulo! O próprio “Mussulo” resfolgava ao vento ou na falta deste a motor.


Não esqueçam: o lançamento do livro "Um abraço à Vela", em Portugal, será no dia 22 de Setembro, a partir das 18h00, no Club Naval em Cascais.


Em Luanda está previsto para 22 de Novembro no Club Naval de Luanda

sábado, setembro 01, 2007

Mais uma passagem do livro


Dia 27/Dez
06h30 com vento de 15 a 20 nós não passamos dos 4! Só no grande! E ainda nos faltam 815 milhas para o Namibe. Ao meio dia o ponto dava-nos uma miserável singradura de 86 milhas!!!
Depois um “quase motim” o Comandante concordou em se usarem manilhas, mosquetões ou o que se encontrasse a bordo disponível para envergar a genoa. Usámos até dois mosquetões de bolsa de viagem que, coitados, ao primeiro puxão de vento sumiram. Os amarrilhos cada vez que subiam e desciam na adriça em aço do ginneker, a fazer de estai, cortavam-se quase todos. Mais algumas horas a improvisar este novo “sistema”, subiu-se definitivamente a genoa às 12h00. E nunca mais se romperam os amarrilhos nem a genoa deixou de nos ajudar com alguns bons nós a mais de andamento!
De manhã progredíamos a 4 nós e agora, com a genoa, entre 7,5 e 8,3! À noite mantinha-se o andamento, a nossa posição era 20° 53’S e 00° 36 W, rumo 55-60° com vento de 18 nós SE, galgamos o que nos falta do oceano, a 7 - 7,5 nós! Estamos quase a passar para Oriente de Greenwhich!
Contatámos com o Victor Reis, o rádio amador do Namibe, e ainda com o Almeida e o Pinto de Johannesburg, que nos informaram que o João Costa anda à procura da peça do piloto automático e que vai, de certeza resolver o assunto.
Como vêem o lançamento, em Portugal será no dia 22 de Setembro, a partir das 18 horas, no Club Naval de Cascais, cuja Direção tão amavelmente acedeu a que utilizássemos as suas instalações, e a quem, uma vez mais agradecemos.
Em Angola está previsto que o mesmo será feito a 22 de Novembro, e no Club Naval de Luanda, que acolheu o "Mussulo" na sua chegada a Luanda

quarta-feira, agosto 22, 2007

DISPARIDADES, SINGULARIDADADES ou CURIOSIDADES ?


Dirá um brasileiro: “Esse país não tem jeito!” Qual país? O Brasil. Então porque não dizem “Este país não tem jeito?” A resposta é de uma simplicidade tocante: porque não!
Sem razão aparente, ou talvez por demasiado científica, o “este” quase desapareceu do português do Brasil, para dar lugar a “esse”! O “este” só é usado em casos de extrema raridade.
Agora que o livro “Um Abraço à Vela” foi para a editora, começou por passar pela revisão de duas especialistas, que devem ter feito talvez um milhar de propostas de correções ao texto inicial, para além daquelas gralhas evidentes ou erros de digitação.
Faltavam muitas vírgulas, muitas. Na reunião para discutir as prepostas correções, houve que fazer um pequeno preâmbulo para que as senhoras ficassem cientes de que não se tratava de rever um texto de Machado de Assis, o purista, o mais correto escritor de língua portuguesa do Brasil, nem de Guimarães Rosa com todos os seus regionalismos, e muito menos do senhor prémio Nobel que não usa vírgulas, nem pontos, nem nada desses (ou destes?) sinais de pontuação, provocando faltas de ar em quem se atreve a ler as suas premiadas obras.
Passou-se à revisão, e logo se deparou entre o autor e as simpáticas revisoras um pequeno problema: possivelmente por uma questão de economia, o brasileiro quase já não usa, também, o pronome pessoal. Por exemplo, os portugas dirão: “no cais estava o João, o Fagundes, o Afonso e a Tereza.” Enquanto por aqui “estaria João, Fagundes, Afonso e Tereza.”
E quando se tocou na famigerada crase, aí a “nossa briga” animou, no meio de animada e alegre - sempre - troca de opiniões, porque para crasear há que ter a preposição e o pronome, com o efeito, em Portugal, de abrir a vogal, que no Brasil está sempre aberta. Como os braços do Cristo do Corcovado, seja o “a” mudo ou não.
O livro, escrito num (em um!) linguajar mestiçado de português das várias margens do grande rio Atlântico, causava alguma dificuldade ao “purismo” da língua, acabando por concluir-se, com humildade, que não se tratava de uma obra de literatura, mas de um relato e impressões de viagem, necessitando para isso, o autor, de se expressar sem pretensões de ser proposto a imortal de qualquer academia!
Nem sempre a vitória foi do autor! Como no próprio título da obra: “Um Abraço à vela!” A que propósito é que este (esse?) “à” aqui é craseado? As revisoras propuseram uma comparação bem simples: “E se o abraço fosse num barco com motor? Seria um Abraço a motor ou ao motor?” Aí o autor capitulou! Não havia dúvidas. A crase no título está errada. Mas quem vai dizer, em português, com o “a” mudo, “Um Abraço a vela?” Ninguém. Não faria sentido.
À boa moda ditatorial houve que impor a opinião, mesmo que cientificamente errada, do autor:
Vai ter que levar a crase! Levou. E o livro, com crase e tudo, vai ficar muito bom.
São estas singularidades ou disparidades ou... que nos unem. São as curiosidades da língua. É a riqueza da Lusofonia. A falar é que a gente se entende.
21-ago-07

P.S.- Continuamos a "fazer rumo" para o lançamento do livro no dia 22 de Setembro. Aguardem mais um pouco.

Imagem: o "Mussulo" a caminho de Angola!

terça-feira, agosto 14, 2007

A grande largada !







03/Dez – Dia da largada
Às 14h50 o Tio solta o primeiro apito, e avisa que sobram só dez minutos para todos se abraçarem e despedirem!
Cinco minutos depois segundo apito. Algumas lágrimas teimam em aparecer, escondidas, sobretudo nos olhos da “Tia” que, mesmo a contra gosto, licenciara o “Dom Quixote” para esta aventura.
Às 15h00, precisas, o “Mussulo”, embandeirado, imponente, solta as amarras da Marina da Glória.
O Comandante, avisado do quase-desastre do diesel-água, limitou-se
a dizer que teríamos que voltar ao Iate Clube para reabastecer!
Em poucos segundos o “Mussulo” afasta-se do cais, sobe o grande e, lá vai ele a caminho do Iate Clube, reabastecer o tanque que se esvaziara. Atraca, carrega quase cem litros, e agora, sim, vai começar a grande Travessia.
Andados uns escassos metros, desculpem, braças, avista-se uma das defensas do barco que se tinha desprendido e vogava entre as embarcações fundeadas no Clube! Volta atrás, pesca a defensa com o arpão que se carregara para levantar os peixões das grandes pescarias que se pressupunha iam acontecer no alto mar, retoma-se o rumo para a saída da Baía da Guanabara.
Nessa altura o Comandante procedendo a uma mais minuciosa vistoria ao barco, descobre que a bomba de porão não estava a funcionar e que o dito porão estava cheio, cheio de água.
Tio ao leme, procurando navegar sempre no contravento (bolina) para o barco se inclinar, Comandante e Levantador, de joelhos no chão, panos e esponjas, baldes e bartedouros improvisados, despejando a água no lava louças! Ali, dentro da Baía, um bordo até à praia, outro para fora, e volta, diversas vezes, com o barco inclinado para se poder melhor apanhar a água, andou-se mais de uma hora!
Que início, iniciozinho de viagem! Finalmente, eram já 17h30, rumo à saída da Baía, vento totalmente pela proa, a motor, o Mateus após todo aquele começo dentro da cabine, ajoelhado e a apanhar a água, não agüentou e enjoou! O Comandante levou também uma boa estafa, mas rijo como é, ficou firme. Atribuiu toda aquela água, água doce, à grande chuvada que caíra na véspera, porque pelo mastro sempre desce alguma. A verdade é que parecia água demais para ter escorrido pelo mastro. Mas o Comandante falou...
Rumo 140°, a motor, quando uma hora mais tarde se altera para 180° e se desenrola a genoa. Vento fresco, mar muito revolto, bolina (contravento) quase cerrada, andamento entre 2,6 a 3,7 nós, bem devagar, voltou o motor que acabou por trabalhar 6 horas neste primeiro dia.
À noite, ao tentar preparar o jantar, foi a vez do Tio ficar fora de serviço! Já embarcara com o físico derreado, o mínimo esforço acabou com ele! O próprio Comandante não estava lá aquelas coisas!
Resultado, no horário combinado para comunicação com o rádio amador Aldir Muniz, às 22h00, neste primeiro dia ninguém estava em condições de se sentar à mesa de navegação e o fazer. Passou-se assim sem noticiar!
ATENÇÂO: o lançamento do livro, em Lisboa (ou arredores) será no dia 22 de Setembro. Local e hora ainda a definir.


Nota:

O Tio nada pintou durante a viagem, como seria de esperar, mas depois tem-se entretido a recordar, com algumas tintas - óleo, canetas de feltro e aquarelas - a maravilha que foi aquela aventura!
Acima vão três desses "ataques" à arte!



sábado, agosto 04, 2007

Durante os preparativos







Véspera da largada: tudo parece estar “quase” em ordem.
Ninguém sabe bem como operar com todos os recursos do rádio, mas pode-se usá-lo da forma mais simples, sintonizando manualmente as várias freqüências que em principio se vai transmitir, assunto que nenhum dos tripulantes saberia informar! Depois se verá.
Combustível atestado; velas arrumadas na cabine de vante, junto com boa parte dos alimentos, carregador de baterias e reserva de gasolina nos seus lugares, assim como os coletes salva vidas e as roupas de frio. Definidos os lugares para cada um dos tripulantes guardar a sua roupa.
Só falta encher os depósitos de água. São dois, intercomunicando-se, mas, para mais rápido enchimento, uma válvula que os separa na entrada, dentro da cabine. Válvula aberta para o primeiro depósito e o João Amorim enfia lá a mangueira, depois de se terem introduzido, à cautela, algumas pastilhas de cloro. O tanque vai enchendo, o Tio dentro da cabine a controlar. Neste ínterim toca o telefone. Era o Comandante a perguntar alguma coisa, e logo a seguir o João anuncia que já estava cheio e até a jogar água fora. Tira fora. Já vamos encher o outro. Quando termina a rápida conversa com o Comandante, muda-se a posição da válvula para o depósito de vante: Pronto. Podes encher o outro. Ouve-se uma voz, do João, afastado da entrada da água: Já estou a encher!
- MEU DEUS! PÁRA! Esse é o tanque do diesel!!!!
(Daqui a dias conto mais, do que está no livro!)
O João, muito amável, a querer colaborar, ouvindo dizer que o primeiro tanque estava cheio foi encher o “segundo”, e enfiou a mangueira da água no tanque do combustível!!! Quatro horas da tarde, na véspera da partida!
Sai o Tio feito louco, elevado nível de batimentos cardíacos, à procura de alguém que lhe venha retirar todo o combustível daquele tanque - 100 litros - e o lave muito bem, porque ninguém soube quanta água lá entrou! Que pesadelo!
Ao fim de mais duas horas chegou um mecânico, recomendado para isso. Vai buscar baldes e um bidão vazio, panos, etc.
O Tio tinha em casa festa de despedida, mas o seu coração e pensamento estavam no barco. Neste meio tempo desaba sobre o Rio um daqueles temporais que inundam tudo, até a avenida de acesso à Marina. Perto da 9 horas da noite toca o telefone: O serviço está pronto, o tanque sequinho, o barco também, porque nada entornou. Não precisa vir à Marina, até porque o trânsito, com a chuva, está interrompido!
Graças a Deus. Mas... será que está tudo em ordem e nós vamos largar amanhã? Imaginem como o Tio dormiu nessa noite.

domingo, julho 29, 2007

Finalmente: vai sair o livro "Um Abraço à vela"!





Acabou a Travessia e ficámos calados! Só aparentemente! No entanto, a verdade é que deixámos de comunicar com todos aqueles, e imensos foram, que acompanharam com o coração nas mãos e muito carinho em evidência, a aventura que foi este “Abraço” que fomos levar a Angola.
Ficou por contar, neste site, o que se passou nos últimos dias do regresso, que aliás foram sem novidade maior. Mas vamos contar tudo. Tudo, mesmo.
O “tio” Chico escreveu um livro a que deu o nome - “inédito!” - de “Um Abraço à Vela”, já que foi ele também que deu esse nome à Travessia.
O livro esperou, esperou, esperou... até que finalmente se conseguiu patrocínio para ser editado. Está na editora, no Rio, e será, segundo dizem “as más línguas”, uma beleza: um pouco mais de 200 páginas com o relato do “Abraço” e mais 32 com fotografias coloridas.
Entretanto estão em andamento os projetos de lançamento, com o Autor e o Comandante presentes para as convenientes assinaturas, em Lisboa no próximo dia 07 de Setembro, em local, hora, etc. ainda em estudo, e em Luanda a 20 do mesmo mês, possivelmente na sede do Club Naval de Luanda que tão carinhosamente recebeu os velejadores quando ali chegaram em Janeiro de 2006.

No Brasil deverá ser feito um "lançamento" em São Paulo e outro no Rio em datas e detalhes a fixar.
Para ir adoçando a curiosidade, aqui vai um pedacinho do que se escreveu:
O Matheus levou para bordo uma “pipa” (papagaio em Portugal) para brincar com ela em pleno Oceano! O Tio não lhe ficou muito atrás: levou papel e aquarelas para pintar algumas paisagens!!!
Imagina-se o quanto cada um usou do seu “brinquedo”!


Daqui a dias daremos mais notícias: do livro, da viagem, fotos e sobre o lançamento em Lisboa.