terça-feira, janeiro 31, 2006

Contacto com Mussulo dia 30 de Janeiro de 2006


O Mussulo dia 30 manteve contacto com o rádio amador ás 19:00 e 21:00 hrs TMG, visto que no primeiro contacto por problemas de estática ( normais nesta época do ano) a recepção e transmissão não estava clara.
Mantinha o rumo de 250º com uma velocidade de 8 nós, os ventos estavam de sudeste com 15 nós e o tempo chuvoso praticamnte o dia todo.
O Mussulo encontrava-se na latitude de 17º 47' S e lonitude de 12º 55' W, tendo avançado em relação ao dia anterior 160 milhas náuticas.
O leme apresentou algum defeito mas já foi corrigido durante o dia.

domingo, janeiro 29, 2006

Contacto com o Mussulo dia 29 de Janeiro de 2006




No contacto realizado hoje com o rádio amador Chagas em Aracaju -Sergipe, às 19:00 horas TMG a recepção e transmissão estava bastante boa.
O Mussulo mantinha o rumo de 250º ( Ilha da Trindade - 560 milhas náuticas da costa brasileira) e a uma velocidade de 8 nós.
O vento estava de sudeste com velocidade de 15 nós ( final de tarde) e durante o dia da ordem dos 10 nós.
Tempo bom e ondas de 2m.
O Mussulo estava ás 19:00 hrs TMG de dia 29 na Latitude 17º 08' S e Longitude 10º 09' W .
As imagens do Google Earth mostram a posição do Mussulo, os ventos ás 18 : 00 horas e ondas previstas até dia 30 no Atlântico Sul.
Caso estas condições sejam mantidas a chegada ao Rio de Janeiro está prevista para dia 11 de Fevereiro que sendo Sábado tentar-se-á organizar uma boa farra.

sábado, janeiro 28, 2006

Largada de St. Helena dia 27 à meia noite


A animação na Ilha de St. Helena dia 26 à noite foi de tal ordem que dois sul africanos que estavam levando um catamaran para Miami, na hora de voltar para bordo do seu barco enganaram-se e entraram no Mussulo!!!
Claro que deu direito a mais umas cervejas até ás tantas, a bordo do Mussulo.
Ontem à noite dia 27 o Mussulo largou da Ilha somente à meia noite por ter havido uma "festinha" para os navegantes.
Hoje o Mussulo ás 19:00 horas TMG estava no rumo de 250º com vento de Sul-Sudeste e de 10 nós. Apanharam alguma chuva mas na generalidade o dia esteve óptimo com ondas de 1 a 2 m.
Estava navegando a uma velocidade de 6 nós, e haviam alcançado a latitude sul de 16º 30' e a longitude de 07º 36' W.

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Mensagem do Mussulo directo de St. Helena 27 Jan 06





Mensagem do Mussulo para Luanda direto de Sta Helena:

Queridos amigos (velhos e novos), queridos colegas e a todos os que apoiaram ou seguiram esta viagem:

Mais uma perna desta viagem se completa hoje, foi uma viagem tranqüila apesar dos problemas que já havíamos tido na vinda e que não foram inteiramente resolvidos em Luanda (rádio e leme).

A estadia em Luanda foi ótima e à despedida lá estavam no cais do Clube Naval toda malta da vela (apesar de ser terça-feira) e muitas outras pessoas que passamos a conhecer e que tão bem nos receberam. Gostaria de fazer alguns agradecimentos públicos após esta estadia em Luanda em primeiro lugar aqueles que nos receberam em suas casas – o Rui Cristina e o casal Tó Santos e Maria Cecília Paz que foram de um carinho e alma aberta sem par. A toda a direção do Clube Naval nomeadamente o Mário Fontes, o Henrique Lago de Carvalho, o Toli, o Toninho Albuquerque que mandou vir especialmente panos para levarmos de recordação para o Brasil, o Jorge Portugal (da terra ao mar é apenas um passo o que importa é o espírito) e a todas as pessoas que de alguma maneira se envolveram e apoiaram este empreendimento vendo nele algo mais do que uma “simples” viagem. Assim o Nico Pereira de Almeida que nos recebeu à entrada do Mussulo juntamente com a família Tendinha, o Henrique Lago de Carvalho que nos emprestou prontamente um celular para usarmos enquanto lá estivéssemos, o João Frederico que desmontou e montou o piloto automático e mais do que isso nos cedeu o seu quarto para dormirmos, a Leonor que cedeu o seu motorista para o que fosse necessário e nos ofereceu a sua casa, o Manoel Souza e o seu Rotary, o Pimentel com quem passamos agradáveis tardes e nos presenteou com a nova bandeira de Angola entre outras coisas, o presidente da Federação de Vela - José Augusto Junça que nos deu uma bela medalha e que será colocada no Mussulo, a direção do Clube Náutico especialmente o seu Presidente Dr. Paulo Murias que também disponibilizou as suas instalações e nos convidou para um agradável fim de tarde de frente para a inesquecível baía de Luanda. O convite para jantar em sua casa e depois a visita ao nosso barco realizada pelo General João Matos e pelo General Andrade foi uma grande honra e mais uma vez torna esta viagem em algo mais do que uma aventura. Não podia deixar de citar as peças fundamentais para que se fizesse o retorno em segurança como o Nelo, o Artur e a sua equipe que providenciaram os consertos no barco improvisando o que não havia pronto e arranjando soluções (a montagem de um andaime no cais do Naval foi cena antológica!), o senhor Duarte Nuno que nos cedeu um rádio SSB, o José Manuel Martins, o Maganga, que, à chegada a Luanda pegou nos nossos passaportes e documentos do barco e os trouxe no dia seguinte, tudo legalizado, tendo feito o mesmo para a saída, os marinheiros Celestino e Paulo cedidos pelo Jorge Leite Velho e que se esmeraram no trato do barco, enfim que me perdoem os que não foram citados mas podem ter certeza que as emoções a que fomos submetidos nesta estadia superaram qualquer expectativa. Agradeço em meu nome e da tripulação, Matheus Miranda e Francisco Amorim, e saibam todos que apesar da tristeza da partida resta a alegria de ter feito novos amigos e revisto os velhos.


José Guilherme P Caldas

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Chegada a St. Helena dia 25 Jan ás 19:00 hrs




O Mussulo arribou ontem dia 25 á Ilha de St. Helena ás 19:00 hrs TMG.

Recebemos hoje um email do José Guilherme que transcrevemos a seguir:

"Chegámos ontem à noite a Sta Helena mas só pudemos desembarcar hoje. Os Chefes do porto e da alfandega foram propositalmente a bordo para nos fazer a entrada foram simpaticissimos, e estava todo o mundo sabendo de nós devido ao barulho que tu fizestes, a cidade inteira já sabia do Mussulo. O radio continua com problemas e não me parece que consigamos solucionar.Já tive contacto com o radio amador Bruce Salt que também foi muito prestavel e me deu algumas dicas de como solucionar o problema mas nao sei se vai dar certo vamos testar hoje a tarde. Quanto ao resto pretendemos sair amanhã à noite e se puderem mandar a previsão para os próximos cinco dias amanhã vou acessar a internet. Pretendo fazer um rumo direto ao Rio de Janeiro, rumo 240 graus verdadeiros (260 magneticos) mas nao sei senão seria melhor ir por cima inicialmente 270 verdadeiros e depois descer. Vamos ver como vai ser daqui para a frente o vento. O vento até aqui foi impecavel chegámos com dois dias de antecipação em relação ao previsto, o Mussulo parecia um foguete, somente dias bons, grande mar ondas muito grandes mas que permitiam até jacarés em grande estilo. A vista de Sta Helena é linda a ilha é muito especial, os ingleses sabiam onde desterrar o Homem... O Tio nao sabe o que está a perder. O rádio deu problemas mas não é nada demais e o piloto tem os seus limites e já descobrimos quais são, assim vimos funcionando com ele somente em condições óptimas mas isso permite que descansemos e tenhamos uma vida tranquila a bordo. Na realidade conclui que o travamento do piloto deve-se a folga do leme que nao foi totalmente resolvida em Luanda, espero que ele aguente até ao Brasil. O reabastecimento em Sta Helena está garantido, e caro, mas aqui é um pequeno pedaço de primeiro mundo, a internet custa 2 dolares a cada 5 minutos!!!! "
As informações de ventos e ondas já foram enviadas para o José Guilherme mas de qualquer modo amanhã teremos uma comunicação por telefone .

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Contacto com o Mussulo dia 25 ás 15:00 hrs TMG



Conforme acordado o radio amador Chagas fez o contacto ás 15:00 hrs TMG e o Mussulo estava com a Ilha de St. Helena à vista a cerca de 15 milhas na Longitude 15º 49' S e Latitude 05º 28' W , prevendo chegar em ás 17 :00 TMG.
A comunicação foi cortada mas a tempo de se passar o contacto do Capitão dos Portos Sr. Barry Williams, com o qual tinhamos mantido comunicação via email e mais tarde por telefone, que se prontificou a dar toda a assistência inclusive na verificação do rádio por um engenheiro.
Estamos à espera de receber um telefonema do José Guilherme ainda hoje.

terça-feira, janeiro 24, 2006

5º contacto com o Mussulo dia 24 Jan 06



Foi realizado com o radio amador Chagas hoje dia 24 de Janeiro o contacto com o Mussulo, que estava no rumo 230º a uma velocidade de 7,5 nós.
O vento estava de Sudeste com 15 nós o tempo bom , mar agitado com ondas de 2,5 m.
O Mussulo estava na Latitude de 14º 38' S e Longitude de 03' 16' W e portanto a 160 milhas de James Bay na Ilha de St. Helena onde deve ancorar amanhã dia 25 cerca das 19:00.
O leme automático está a funcionar sem problemas.
O José Guilherme solicitou informações sobre as condições de aproximação e ancoragem as quais já foram repassadas para o Chagas, que se comunicará amanhã mais cedo ( 15:00 hrs TMG) para as passar antes da chegada a James Bay em St. Helena.

segunda-feira, janeiro 23, 2006

3º e 4º contacto com o Mussulo dia 22 e 23 Jan 06


Finalmente o Mussulo conseguiu se conectar com o rádio amador Chagas, ontem e hoje dia 23 de Janeiro.
O problema aparentemente é na conexão do rádio do Mussulo com a antena.Foram revisadas todas as conexões, cabos e acoplador de antena.A transmissão não está ideal e provalmente em St. Helena caso haja algum técnico deverá ser revisada. O Francisco Amorim já enviou um email para um rádio amador da ilha e o José Filipe para o centro de turismo.
Ontem dia 22 ás 19:00 hrs TMG o Mussulo estava na latitude de 11º 56' S e longitude 01º 41' E.
O vento estava de sudeste com velocidade de 15 nós .
O piloto automático está funcionando muito bem.
Hoje dia 23 ás 19:00 hrs TMG o Mussulo tinha alcançado a Latitude de 13º 22' S a longitude de 00º 51' W, rumando a 240º e a uma velocidade de 7 nós. O vento continuava de sudeste com 15 nós.
Nestas circunstâncias o Mussulo deverá arribar à Ilha de St. Helena ( place mark 5 na imagem do Google Earth), dia 25 final de tarde, visto que faltam 320 milhas.

sábado, janeiro 21, 2006

Algumas Noticias atrazadas


Com os problemas de comunicação com o Mussulo acabou por passar em branco o aniversário do Matheus que cumpriu a bordo 30 anos entre Luanda e St. Helena. Uma coisa é certa não deve haver muitos que possam contar um dia que fizeram os seus 30 anos no Atlântico Sul entre Angola e a Ilha de St. Helena.
Referimos anteriormente o jantar em casa do general João de Matos oferecido à tripulação e a simpatia como foram recebidos. Neste jantar estava também presente o General Andrade de Benguela cujo filho fez questão de conhecer a tripulação e pediu ao pai para o levar a Luanda para esse efeito.
Transcrevemos a seguir cópia de um email do General Andrade enviado a amigos:
" Oi, companheiros, para completar a reportagem aqui vai uma foto na hora do regresso, dia 17 de Janeiro de 2006, infelizmente o “tio Chico “ (com 74 brocas no “lombo) já não fez o regresso a bordo do “Mussulo”, e mesmo assim parabéns !!!! Não há muita gente nova que tenha a coragem de fazer a travessia do Atlântico Sul á vela!
Estive com a tripulação com quem convivi e fiz amizade apenas algumas horas, são gente de verdade para além de que neles esta o espírito de aventura exitosa. Com o acolhimento habitual maravilhoso dado pelos angolanos e das saudades que a tripulação tinha de Angola, a presente travessia que começou por um sonho acabou por ser uma realidade séria, que ajudou a despertar cada vez mais as relações entre Angola e Brasil.
Convivi apenas algumas horas, que como é lógico não chegaram para nada, a curiosidade misturava-se entre a aventura náutica e o passado dos queridos aventureiros em terras angolanas onde viveram há mais de trinta anos, dois médicos e uma enciclopédia de 74 anos foram os seres maravilhosos com quem tive a oportunidade de fazer amizade transatlântica, a questão de não terem feito um stop na província de Benguela também foi abordada e logicamente entendida. Espero bem que o vento lhes seja sempre á medida e que o regresso ou reencontro seja breve.
Boa viagem guerreiros do vento náutico!!!! "

Dia 20 e 21 de Jan não houve contacto com Mussulo


Ontem e hoje mais uma vez não foi possível o contacto com o Mussulo pelo rádio amador de Sergipe -Brasil, Sr. Chagas. Foi feito um contacto muito rápido (15 s) com o João Costa na África do Sul onde o José Guilherme apenas teve tempo de dizer: "Até que enfim que alguém nos escuta" , mas de seguida a comunicação se cortou e não voltaram a lograr um contacto. O João Costa já se comunicou com uma rede de rádios amadores na África do Sul e Angola para tentarem algum contacto. Também estamos tentando um contacto com a ilha de St. Helena, para adiantar o problema e para que fiquem de sobre aviso.
Aparentemente é uma pane no rádio como se tivesse colapsado a alimentação de energia. Nestas circunstancias somente quando o Mussulo chegar a St. Helena haverá possibilidade de comunicação o qual temos a certeza que será feito e quem sabe descobrirem o que está ocasionando a falha.
Os ventos já estão de Sudeste e com velocidades de 10 a 20 nós, o que permite ao Mussulo rumar a St. Helena com vento de través e com maior velocidade. Também o clima de ondas está muito tranquilo ( ondas menores que 1 m) . Realizámos uma projecção partindo desta permissa e a previsão de chegada a St.Helena é em torno do dia 25 de Janeiro.
Não há portanto qualquer razão para preocupações, a não ser a incerteza se o leme automático está funcionando, para que o José Guilherme e o Matheus possam ter condições de descansar.
A imagem mostra a previsão da posição do Mussulo e os vectores de vento ás 15:00 horas TMG de hoje dia 21.

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Dia 19 de Janeiro não houve contacto com o Mussulo


Depois de dois dias sem dificuldade de comunicação hoje dia 19 de Janeiro o rádio amador Chagas , chamou por mais de meia hora mas não conseguiu resposta do Mussulo, apesar que segundo ele a propagação estava equivalente à dos dias anteriores.Esperemos que não seja nada grave com o rádio instalado em Luanda.
De acordo aos dados de ventos do link com o Google Earth os ventos continuam de sudeste/sul com velocidades menores de 10 nós , na zona em que o Mussulo navega assim como as ondas estão com alturas máximas de 1 m.
Nestas condições e mantido o rumo que o Mussulo vinha no dia anterior a previsão é que tenha percorrido 120 milhas náuticas.
Apresentamos uma imagem com a posição prevista do Mussulo hoje.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

2º contacto com o mussulo após Luanda dia 18 Jan 06


O contacto com o rádio amador Chagas hoje foi bastante melhor, sem interferências.
O vento continua de sudoeste/sul com velocidade de 9 nós o qual está obrigando o Mussulo a navegar no contravento com rumo de 240º e auma velocidade média de 5 nós.
O mar estava calmo com ondas de 1 a 1,5 m e céu limpo.
O Mussulo ás 19:00 hrs TMG estava na latitude 08º 48' S e longitude 10º 47' E.
O problema surgido ontem no leme automático, hoje pela manhã foi resolvido apesar de uma pequena pane que já está solucionada.
O José Guilherme no contacto de hoje referiu o jantar que teve no penúltimo dia em casa do General João de Matos e da simpatia como foi recebido pelo próprio e sua esposa Mila.

Mensagem do " Tio" Francisco Amorim 18 de Jan 06


O "Tio" , Francisco Amorim fisicamente não estará a bordo na viagem de volta ao Brasil, mas espiritualmente é como se estivesse para o José Guilherme, Matheus e todos nós que temos acompanhado este "Abraço", abraço este que o "Tio" irá fechar no Rio de Janeiro junto com os companheiros de viagem quando o Mussulo chegar. Apenas está voltando mais cedo de avião para poupar a sua saúde. Foram emoções de mais e particularmente as senti quando telefonei para o Tio Chico ao soltar-se a ultima amarra no Clube Naval de Luanda, para lhe dar a minha solidariedade na sua decisão que não tenho duvida deve ter sido das mais difìceis de sua vida.
Usando as palavras da Ana Clara e que transmitem o que todos sentimos:
" Um obrigado Tio Chico pela lição de vida , de coragem e de juventude que nos deu".
Transcrevemos a seguir um texto enviado pelo "Tio" que transmite tudo além das palavras:
"Às 13h30 GMT lá se foi o “Mussulo” de regresso a casa. Dia lindo na linda baía de Luanda.
Muitos amigos no Club Naval à despedida. Muito abraços e promessas de novos encontros que, de certeza, se vão concretizar. Após a largada ainda muitos foram correndo à ponta da Ilha para um último adeus, até que o barco virou para o Poente, e foi sumindo devagar neste tal “rio Atlântico”, lindo também, até se tornar naquela pequena casquinha de nós que nos transportou no sentido inverso.
De manhã, antes da largada, visita de dois novos amigos, pessoas de grande importância na hierarquia de Angola, um deles vindo expressamente de Benguela para jantar conosco. Mais troca de ideias sobre projetos de estreitamento de relações, não só desportivas como a nível das ciências médicas. Sensacional.
O “tio” carinhosa e clinicamente dispensado de fazer parte da tripulação no regresso, viu o “Mussulo” afastar-se... com o nó na garganta. As palavras não saíam mais da sua garganta! Ali ia uma parte de si mesmo, mas compreendeu perfeitamente que os dois clínicos-tripulantes não se quisessem arriscar a transportar um “esqueleto” andante, e regressa amanhã ao Rio, de avião. Quando se soltava a última amarra um telefonema do José Filipe, para lhe dar um abraço foi de tal forma que não o deixou responder. Nem sequer agradecer aquele gesto de tanta simpatia.
Já dissemos que não é possível descrever como fomos recebidos nesta terra de Angola! Para quem aqui viveu duas dezenas de anos, mesmo sabendo que essa é a marca dos angolanos, não poude deixar de passar estes dias todos com uma carga emocional muito violenta. Talvez tenha sido isso, toda essa maravilhosa envolvência que enfraqueceu o físico do “tio”.
Deixar aqui um abraço a todos os que nos acompanharam, e continuam a acompanhar o “Mussulo” na sua saga de regresso, é pouco. Não há palavras capazes de traduzir o que todos levamos dentro de nós. Se o nosso coração sempre esteve dividido, Angola ocupando um vasto espaço, agora passou a ocupar um lugar ainda maior.
O Club Naval mandou até alterar as frequências do seu rádio para se poder comunicar com o navegantes, o que deve começar a fazer a partir de hoje, dia 18.
Já tivemos notícias de que o piloto automático, agora talvez o comando central, voltou a dar problemas, e o “tio” ficou extremamente preocupado, porque, mesmo com físico fraco, poderia ficar ao leme enquanto os dois “jovens sobrinhos” se ocupariam do conserto do equipamento.
Há muito, muito, para escrever sobre todo este especial abraço.
Fica para depois.
Que muito bons ventos – 15 a 20 nós – os levem depressa ao Rio, e sem mais problemas.
O “tio” lá estará para a recepção!"
Francisco Amorim " O Tio"

1º contacto após Luanda dia 17 Jan 06



O primeiro contacto por rádio após a largada de Luanda foi realizado pelo rádio amador ás 19:00 hrs TMG.
O Mussulo estava no rumo verdadeiro de 285º devido ao vento de direcção desfavorável de sudoeste de 16 nós, o que estava impedindo de rumar a St. Helena . Pela previsão a tendência é que os ventos mudem para Sudeste à medida que se afastarem da Costa de África.
Navegava a uma velocidade média de 5,4 nós considerando que havia percorrido 28 milhas náuticas .
O céu estava completamente claro e o mar relativamente calmo.
A posição do Mussulo era de 08º 38' de latitude sul e 12º 50' de longitude este.
O piloto automático apresentou uma avaria desta vez no sistema eléctrico. O José Guilherme crê que amanhã poderá substituir por uma sobressalente que tem a bordo.

terça-feira, janeiro 17, 2006

LARGADA DE LUANDA 17 JANEIRO 2006




Numa indescritivel grande emoção, de todos que participaram deste fantástico apoio dado à Tripulação, durante os dias passados em Luanda e à logistica para colocar o Mussulo para a viagem de volta ao Brasil, caracterizando claramente o que são os angolanos, o Mussulo soltou a ultima amarra no pier do Clube Naval de Luanda ás 13:30 hrs TMG.
A Ponta da Ilha de Luanda foi alcançada a motor tendo o Mussulo atingido a mesma ás 14:00 hrs TMG , tomando definitivamente o rumo do Brasil, conforme telefonema do Nico Pereira de Almeida e fotos do Mário Tendinha, que como sempre presentes, preocupados e atenciosos em nos darem a informação de imediato. Nunca o esqueceremos.
Temos a certeza que o Francisco Amorim nos dará uma descrição mais detalhada não somente da estadia em Luanda como desta partida para cruzar o "Rio" Atlântico, que desta vez e usando as suas palavras será certamente muito mais curta.
Um grande abraço indistintamente a todos que presentes ou virtualmente têm acompanhado este Abraço à Vela e que agora parte para o fechar no Brasil.

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Ultimas noticias de Luanda 16 jan 06

Na sexta feira pela manhã , perante a presença do Sr. Decano da Faculdade de Medicina de Luanda, Professor Cristóvão Simões, do Sr. Vice Decano Professor Albano Ferreira, Médicos e Alunos, foi realizada uma homenagem, após 30 anos, ao Professsor José Guilherme Dargent Pereira Caldas ( pai do José Guilherme, comandante do Mussulo e do José Filipe) com um discurso proferido pela Dr.ª Maria Cecília Paz, Directora do Serviço de Radiologia do Hospital Universitário e Professora da disciplina de radiologia da Faculdade.
A Drª Maria Cecília Paz foi a primeira mulher radiologista angolana que juntamente com os Drs. José Partidário, Eduardo Medina e Joaquim Jorge ( já falecido) constituiram os primeiros 4 radiologistas formados por Angola e pelo Professor Pereira Caldas.
Posteriormente o José Guilherme fez uma palestra sobre a sua especialidade a Neuroradiologia Intervencionista.
Foi também acordado a realização no futuro próximo de Convénios com a Universidade de Medicina de S. Paulo no Brasil, para a formação de médicos angolanos.
No Sábado e para despedida a tripulação foi passar o fim de semana à Ilha do Mussulo no catamaran do Nico Almeida, que tem sido incansável no apoio à tripulação durante a estadia em Luanda e nas providencias para colocar o Mussulo operacional.
Hoje foi instalado o drive do leme automático levado em mãos para Luanda pelo Pedro Moura e realizado um teste de navegação na Baía de Luanda que mostrou estar perfeito.
O resultado do diagnóstico do rádio do Mussulo que apresentou problemas de comunicação nos ultimos dias de viagem para Angola, é que o mesmo necessitaria de uma placa nova de entrada da alimentação, componente esta que não existe disponibilidade em Luanda.
Perante esta situação e considerando que são fundamentais as comunicações, num espírito de total solidariedade foi oferecido e instalado no Mussulo um rádio Icon pelo Duarte Nuno . Mais uma vez coisas deste tipo somente em Angola e com angolanos sucedem.
O rádio foi testado com o rádio amador Chagas de Sergipe -Brasil que continuará a fazer as comunicações diárias na volta ao Brasil do Mussulo.
Ao Duarte Nuno e em nome da tripulação um grande obrigado assim como ao Peninha Albuquerque que entremediou o assunto.
Á noite a tripulação foi convidada para jantar em casa do General João Matos, representante do Governo de Angola, onde foram extremamente bem recebidos pelo próprio e sua esposa Mila.
O Mussulo zarpa amanhã dia 17 de Janeiro de 2006, após o almoço, para fazer a 4ª perna de retorno ao Brasil com rumo a St. Helena onde fará uma escala técnica, caso os ventos forem favoráveis.

sábado, janeiro 14, 2006

Entrevista ao vivo para o Programa BOM DIA BOM DIA

Hoje Sábado pela manhã a tripulação do Mussulo foi entrevistada em directo pela Rádio Luanda Antena Comercial para o Programa local de maior audiência Bom Dia Bom Dia.
A entrevista foi realizada debaixo da Árvore Josefa com um pequeno almoço do Buraco da Floresta preparado pelo Sabu Guimarães que serviu Funji c/ovos, receita tipíca angolana. A receita será publicada posteriormente neste Blog.
A entrevista foi realizada por Mateus Gonçalves, António Clara e Manuel Dionisio e com a intervenção de Rui Sancho directamente de Paris.

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Mensagem Franscisco Amorim "O Tio" 13 Jan 06


Ontem, dia 12, o barco ficou quase totalmente reparado: leme, enrolador da genoa, etc. Só falta o rádio, mas está tudo sob controle. O comandante saíu para fazer um teste, deu uma velejada na baía de Luanda e regressou satisfeito. Bom sinal e bons augúrios para o regresso.
À tarde fomos recebidos, com a mesma simpatia e carinho de sempre, no Club Náutico de Luanda - o antigo Nun´Álvares - que está em grande recuperação, belas instalações, a piscina perfeita, a fazer campeões de natação, além da escola de vela. Toda a direção reunida, sensacional, ofereceram-nos um "lanchinho" em que entraram quitetas, choquinhos fritos e outras coisas "horríveis" que, neste momento devem estar a fazer inveja (e saudade!) a muita gente!
O presidente do Club, Dr. Murias, é filho de um amigo meu que foi durante mais de 20 anos professor nesta terra! Os nomes de toda aquela simpática, e muito eficiente direção do Club serão indicados noutra .
Hoje o "tio" foi recebido pelo vice Governador de Luanda, Arqto.Bento Fragoso Soito, que em nome do Governador recebeu o nosso Abraço e o livro que o Prefeito do Rio lhe mandou. Muito simpático, novo, consciente do enorme esforço que Angola enfrenta para ressurgir e alcançar o lugar que, sem dúvida vai ter entre as grandes Nações, ficamos todos torcendo para que seja um promissor coadjuvante da reconstrução desta Angola, de que falaremos mais tarde.
Neste momento o Comandante e o Mateus estão na sessão especial na Faculdade de Medicina, de onde já também se adivinham ações de grande importância e significado para mais unir o Brasil a Angola, mas que só o nosso Prof. Dr. Comandante poderá dar notícias.
Amanhã passaremos o fim de semana no Mussulo - ilha - mas navegaremos no belo catamaran do Nico Pereira de Almeida.
Vamos ver se poderemos ainda dar mais notícias na segunda feira antes de enfrentarmos novamente este largo "rio" Atlântico que agora, com o nosso Abraço ficou mais estreito!
E está lançado o repto: neste momento o "Mussulo" -barco - e sua tripulação detêm um record mundial: campeões indiscutíveis da travessia Brasil - Angola, à vela, sem escalas! Já se começa a esboçar um movimento de velejadores angolanos para retribuirem o abraço, mas o que todos desejamos é que muito outros, quer de Angola, Brasil ou de outro qualquer lugar, tentem nos tirar esse "palmarés" o que, sem dúvida, nos daria a maior satisfação!
Ainda é meio sonho, meio realidade estarmos nesta terra. Quando acordarmos... confirmaremos se tudo isto foi, ou tem sido, verdade, ou se foi só um sonho, bonito.
Abraços a todos os que continuam a nos acompanhar.
Francisco Amorim "O tio".

Texto Francisco Amorim - dia 12 de Janeiro de 2006

Não tem havido um momento de sossego! O mesmo calor humano e simpatia que sempre Angola soube dispensar, e que, talvez por isso mesmo nos fez vir até aqui trazer este Abraço de saudade e amizade.
Uma recepção maravilhosa, jantar de “homenagem” no Club Naval, ontem, com mais de 70 pessoas, “bota” discursos, sempre seguidos de “vai acima, vai abaixo, vai à frente e bota abaixo”, abraça um e mais outro e os outros todos! Enfim...
O barco já tem as velas recuperadas, ofereceram-nos com a maior simplicidade e generosidade, duas velas para reserva, o perfil do enrolador está pronto, o leme consertado, o rádio entregue aos melhores técnicos da Sonangol que, se não descobrirem/resolverem o problema temos já a oferta de um outro rádio emprestado para o regresso, e o piloto automático tem já as peças de reposição a caminho e gente capaz para nos ajudar e pôr tudo em ordem.
O barco todo limpo por dentro, ajeitados alguns pontos que deixavam infiltrar água, nesta altura o “Mussulo” está mais bem equipado para o alto mar do que quando saímos do Rio!
Saída prevista para a próxima terça feira, dia 17.
Amanhã o comandante e Prof.Dr. José Guilherme tem, às 10h00 a sessão na Faculdade de Medicina, que parece ser principalmente uma homenagem ao pai, o primeiro professor de radiologia de Angola.
Já fomos recebidos no Rotary, mas fundamentalmente parece termos sido adoptados por tantos amigos que nos cobrem de atenções e simpatias!
Só nos falta entregar o livro ao Governador de Luanda que esperamos hoje se manifeste para nos receber, quando não arriscamo-nos a regressar com ele ao Rio!
O “tio”, como todos o tratam carinhosamente veio encontrar talvez uma centena de “novos” sobrinhos., e foi também “adoptado” pelo "sobrinho” Rui Cristina, em casa de quem tem dormido. Dormido... sempre depois das 3 da manhã.
Não temos dado mais notícias porque as tarefas distribuídas a cada um nos tem ocupado o tempo todo. Mas está tudo de boa saúde e ótima disposição.
Há programas de ida mais uma vez ao Mussulo (ilha), barra do Quanza e outros mas o comandante é que terá a palavra final!
Se puder daremos ainda mais detalhes, mas por enquanto é tudo muito corrido, sempre acompanhados. Sempre!
Por agora é só.
Obrigado mais uma vez a tantos e tantos, em toda a parte do mundo que têm manifestado o seu interesse e nos têm acompanhado nesta aventura, que até agora tem sido, como todos os problemas, assim mesmo, sensacional.
Francisco Amorim

Fotos do Mussulo na chegada a Luanda











Além das fotos acima colocámos um Link ao Blog chamado "Apresentação Powerpoint com Fotos de Luanda" . Clicar no mesmo e fazer "save" num directório no computador e abrir então aqui.

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Mensagem do Jose Guilherme - 09 Jan 06

Depois de uma paragem rápida em Namibe, o veleiro Mussulo chegou à "Ilha" do Mussulo em grande estilo...
Ao chegarmos perto da ponta da restinga e para nossa sorte o Mario Tendinha, a Ana Clara, o Militão e esposa, o Nico Pereira de Almeida apareceram no momento certo pois estávamos a dirigir-nos para os baixios a toda a velocidade.
Velas arriadas, barco em baixa velocidade o Nico passou para o nosso barco e com o seu conhecimento da região e com muito tacto conduziu-nos para o interior do Mussulo.
Por coincidência estava preparada a festa de anos do Nico que nos recebeu maravilhosamente juntamente com a Eduarda sua esposa.
Ontem dia 8 de Janeiro viémos para o Clube Naval onde houve nova recepção com direito a champagne e brinde, liderada pelo Mário Fontes e todo o grupo da vela que mais uma vez nos recepcionou à altura da tradição deste Clube, o mais antigo da África fundado em 23 de maio de 1883.
Posso dizer que foi uma das mais fortes emoções da minha vida a entrada na Baía de Luanda à vela e a chegada ao Clube Naval 30 anos após a minha saída de Angola.
Chegamos oficialmente a Luanda no dia 08 de janeiro de 2006, às 16:30, a tripulação está extremamente animada e tranqüila e já estamos a preparar o barco para a volta. Será necessário retirá-lo da água para consertar o leme e o enrolador de genoa também necessita de consertos além das velas que terão que ser revistas.
A quarta perna de volta ao Brasil deve iniciar-se na semana que vem, tão logo estejam prontos os reparos no barco.
Gostava de aproveitar para agradecer a todos os que participaram de forma “virtual” desta viagem, que certamente contribuíram para que nos sentíssemos mais amparados no meio do oceano. Um abraço a todos da minha parte, do Matheus e do Francisco e até ao início da próxima etapa .

José Guilherme Pereira Caldas

domingo, janeiro 08, 2006

Chegada a Luanda CNL- dia 08 Jan 06





Hoje conforme programado o Mussulo chegou a Luanda ás 17:00 GMT tendo fundeado no Clube Naval de Luanda -CNL.
A descrição da viagem Mussulo a Luanda assim como da fantástica recepção no Clube Naval de Luanda será apresentada num "Post" especifíco.

sábado, janeiro 07, 2006

Chegada ao Mussulo dia 07 Jan ás 16:00 GMT







O Mussulo chegou à entrada da Baía do Mussulo ás 16:00 horas GMT.O esperavam várias embarcações e em particular o Nico Pereira de Almeida foi para bordo dando as boas vindas em nome de todos que por lá acompanharam esta viagem. Devido à dificuldade da Barra do Mussulo e calado do Mussulo foi o próprio Nico que pilotou até ao fundeadouro, próximo ao Condomínio Zango, onde estão neste momento.Hoje haverá grande festarola em casa do Nico para comemorar o seu aniversário.
A recepção desde a contra costa do Mussulo será devidamente descrita em breve e em promenor pelo Francisco, com a sua habilidade e sensibilidade.
Para quem não conhece apresenta-se umas fotos satelitais da Península e Ponta do Mussulo.

27º contacto com o Mussulo dia 06 Janeiro 06


Ontem pela primeira vez nesta viagem os rádios amadores não conseguiram contacto com o Mussulo.O rádio do Mussulo está a cortar a cada três palavras.É outro tema a ser verificado em Luanda.Pode ser coisa simples do próprio micro,já que a antena e acoplador foi revisada pelo Vítor ( rádio amador de Namibe).
Apenas conseguiram escutar a latitude e mesmo assim não puderam confirmar.Plotámos no Google Earth a latitude e cruzámos a mesma com o rumo entre a posição do dia anterior ás 19:00 horas GNT com as Palmeirinhas.Nessas condições o Mussulo, alcançaria as Palmeirinhas onde o espera o Nico Almeida e outros barcos hoje dia 7 cerca das 16:00 horas GNT . Até ao Mussulo , Clube dos Pescadores levaria mais duas horas e meia.
A imagem que se presenta a plotagem do dia 6 é estimada.

quinta-feira, janeiro 05, 2006

26º contacto com o Mussulo dia 05 janeiro 06



O Mussulo zarpou ás 01:00 hrs GMT de Namibe e ás 19:00 horas GMT quando foi realizada a comunicação com o Chagas em Aracaju -Sergipe -Brasil estava no rumo 010º com uma velocidade de 7 nós, praticamente sem vento e navegavam a motor, tendo percorrido 126 milhas náuticas. Estavam na latitude de 13º 27' S e longitude 12º 01' E.
Apesar do problema que vem apresentando o rádio, que corta a ligação ao fim de pouco tempo de comunicação ressaltamos a persistência e paciência dos rádios amadores Chagas e Aldir no Rio de Janeiro que têm feito de tudo o impossível para nos passarem as informações diárias. Efectivamente o sucesso na divulgação das informações precisas, com qualidade e em tempo só se deve aos mesmos.
O Mussulo irá directo à "Ilha" do Mussulo onde deverá chegar Sábado no início da tarde.

As imagens em anexo do Google Earth mostram não somente a posição do Mussulo como a completa falta de ventos junto à costa Africana em particular na costa de Angola.

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Texto de Francisco de Amorim-Namibe 4 Jan 06

Ao fim de 31 dias de viagem… finalmente o Namibe!!!
Nas vésperas, mesmo com o rádio a funcionar mal – ficando mudo a cada vez menores espaços de tempo - conseguimos transmitir a nossa posição, indicando uma previsão de chegada entre as 4 e as 6 horas da manhã.
O vento que nos dois últimos dias nos ajudou a rumar ao nosso destino inicial, soprando do quadrante sul, acabou de repente a cerca de 50 milhas da costa! A nossa reserva de diesel deu, muito folgadamente, para percorrermos essa pequena etapa final e entrarmos na belíssima baía do Namibe dentro do horário previsto.
Sabíamos que havia amigos à nossa espera, só não sabendo em que ponto da baía deviam estar. Manhã cinza, meio nebulenta, o comandante fazendo a triangulação, Mateus ao leme e o “tio” em pé tentando avistar algum sinal.
De repente lá estavam uns faróis de carros a indicarem onde devíamos fundear! O entusiasmo a bordo se já era grande aumentou muito, bem como a emoção dos tripulantes!
Às 05h 30m GMT baixamos âncora! Cumprimos a travessia, que, diretamente do Brasil para Angola, não consta que se fizesse desde… desde quando?
Ali, a 50 metros estava um grupo de amigos que nos recebeu com um carinho e um calor humano que nos encheu os corações! Saiu o primeiro Abraço à Vela, à Ana Clara Tendinha e ao irmão Mário, ao Lanucha (Herculano) Dolbeth Costa, ao Victor Reis e ao Álvaro Batista. Não exatamente por esta ordem por que a todos abraçámos no mesmo instante.
Nem cinco minutos depois apareceu o primeiro repórter! Rádio Namibe. Entrevista rápida para sair no primeiro noticiário da manhã.
Formalidades de chegada foram impecavelmente simples e em poucos minutos tínhamos a situção legalizada nesta cidade sensacional.
Os amigos envolveram-nos e fomos tomar o primeiro “matabicho” em terra! Uma delícia! As pessoas viam aquele barquinho ali fundeado e custava-lhes a acreditar que tivéssemos vindo diretamente do Brasil, com 31 dias de viagem… sem escalas! Quase virámos heróis!!!
Não tardou a chegar nova entrevista da TPA – a Televisão de Angola! Sempre envolvidos por um carinho imenso o Diretor de Turismo da Província do Namibe, Alcides Cabral, veio dar-nos mais um abraço, a quem aproveitámos para informar que éramos portadores de um abraço especial do Prefeito do Rio – Eng. César Maia – para o Governador do Namibe.
Enquanto almoçávamos, sempre convidados, um arroz de mariscos de fazer inveja a qualquer sultão, novo repórter, desta vez da Rádio Ecclésia de Luanda. O repórter perguntou até como era possível estar tanto tempo a bordo sem ver terra!
A seguir ao almoço lá estava o Alcides Cabral a informar que o Governador estava ausente da cidade, mas que às 16h o vice Governador, António Correia, nos ia receber. Ao mesmo tempo a Capitania e a Alfândega anunciaram uma vistoria a bordo – que acabou por não se concretizar, possivelmente por terem achada desnecessária, mas que impediu o Comandante e o Matheus de irem à sede do governo. Foi o “tio”! Em poucas palavras explicámos como tinha surgido a ideia de trazer um abraço do Brasil, terra que tanta gente tem oriunda desta Angola, e que o livro que trazíamos era um símbolo desse abraço! O vice Governador agradeceu muito, disse-nos que as gentes do Namibe se sentiam muito tocadas por esse gesto nosso – muito mais pelo nosso feito, do que pelo livro – e por fim, com a TPA presente, a entrega do livro em frente da bandeira de Angola com a fotografia do Presidente José Eduardo dos Santos ao fundo. Reunião simples, rápida, mas carregada de emoção de parte a parte.
A primeira etapa do nosso ABRAÇO estava cumprida.
Os amigos levaram-nos a ver a cidade, como ela está a ressurgir de todo aquele cataclismo que foi a guerra fratricida, seguida de um cataclismo em 2002 – uma imensa inundação que um pequeno rio, quase seco, o Bero, trouxe lá das montanhas do Lubango – que destruiu milhares de casas, e o dia foi de tal forma cheio, que mesmo cansados da viagem, só terminou cerca da meia noite.
É dificil descrever o quanto sentimos, todos, com este primeiro abraço em terras angolanas.
Hoje, dia 4, abastecemos o barco de diesel, adquiriram-se mais cinco bidões de 20L cada para transportar água para bordo, e que nos vão depois aumentar a reserva de diesel – substituindo dois a que a escota da genoa arrancou as tampas e nos fez perder, naqueles dias de mar difícil, 30 litros de combustível.
Neste momento a tripulação , ciceroneada pelo Lanucha, vai dar uma volta pelo deserto, a maravilha que nos atraiu desde que começámos a planejar a nossa travessia.
Vai longo o relato, mas não pode terminar sem uma menção especial, aliás duas:
- a humildade do Matheus, aceitando sempre de sorriso simpático as “acometidas” das brincadeiras do Comandante e do “tio”, e
- a impecável “gestão” de toda a viagem do Comandante José Guilherme que, com uma resistência física impressionante, entre muitas outras coisas, teve subir quatro vezes ao mastro, tarefa quase impossível, parecia dormir sempre com um olho aberto e outro fechado, atento a tudo que parecesse alterar o bom andamento do “Mussulo”, e que sobretudo transformou estes 31 dias de quase clausura num diminuto espaço, numa viagem a que os três, na véspera da chegada, foram unânimes em se espantar como tanto tempo tinha passado sem que agora se apercebessem disso!
Levantar ferro previsto para hoje ao fim do dia.
Que bons ventos nos levem agora até Luanda, dois e meio a três dias de viagem, levando o barco carregado de novas amizades e muito calor humano.
Obrigado a esses amigos que deixaremos, mas que seguem “aqui dentro”, conosco. Sensacional.