sábado, agosto 04, 2007

Durante os preparativos







Véspera da largada: tudo parece estar “quase” em ordem.
Ninguém sabe bem como operar com todos os recursos do rádio, mas pode-se usá-lo da forma mais simples, sintonizando manualmente as várias freqüências que em principio se vai transmitir, assunto que nenhum dos tripulantes saberia informar! Depois se verá.
Combustível atestado; velas arrumadas na cabine de vante, junto com boa parte dos alimentos, carregador de baterias e reserva de gasolina nos seus lugares, assim como os coletes salva vidas e as roupas de frio. Definidos os lugares para cada um dos tripulantes guardar a sua roupa.
Só falta encher os depósitos de água. São dois, intercomunicando-se, mas, para mais rápido enchimento, uma válvula que os separa na entrada, dentro da cabine. Válvula aberta para o primeiro depósito e o João Amorim enfia lá a mangueira, depois de se terem introduzido, à cautela, algumas pastilhas de cloro. O tanque vai enchendo, o Tio dentro da cabine a controlar. Neste ínterim toca o telefone. Era o Comandante a perguntar alguma coisa, e logo a seguir o João anuncia que já estava cheio e até a jogar água fora. Tira fora. Já vamos encher o outro. Quando termina a rápida conversa com o Comandante, muda-se a posição da válvula para o depósito de vante: Pronto. Podes encher o outro. Ouve-se uma voz, do João, afastado da entrada da água: Já estou a encher!
- MEU DEUS! PÁRA! Esse é o tanque do diesel!!!!
(Daqui a dias conto mais, do que está no livro!)
O João, muito amável, a querer colaborar, ouvindo dizer que o primeiro tanque estava cheio foi encher o “segundo”, e enfiou a mangueira da água no tanque do combustível!!! Quatro horas da tarde, na véspera da partida!
Sai o Tio feito louco, elevado nível de batimentos cardíacos, à procura de alguém que lhe venha retirar todo o combustível daquele tanque - 100 litros - e o lave muito bem, porque ninguém soube quanta água lá entrou! Que pesadelo!
Ao fim de mais duas horas chegou um mecânico, recomendado para isso. Vai buscar baldes e um bidão vazio, panos, etc.
O Tio tinha em casa festa de despedida, mas o seu coração e pensamento estavam no barco. Neste meio tempo desaba sobre o Rio um daqueles temporais que inundam tudo, até a avenida de acesso à Marina. Perto da 9 horas da noite toca o telefone: O serviço está pronto, o tanque sequinho, o barco também, porque nada entornou. Não precisa vir à Marina, até porque o trânsito, com a chuva, está interrompido!
Graças a Deus. Mas... será que está tudo em ordem e nós vamos largar amanhã? Imaginem como o Tio dormiu nessa noite.

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