quarta-feira, janeiro 18, 2006

Mensagem do " Tio" Francisco Amorim 18 de Jan 06


O "Tio" , Francisco Amorim fisicamente não estará a bordo na viagem de volta ao Brasil, mas espiritualmente é como se estivesse para o José Guilherme, Matheus e todos nós que temos acompanhado este "Abraço", abraço este que o "Tio" irá fechar no Rio de Janeiro junto com os companheiros de viagem quando o Mussulo chegar. Apenas está voltando mais cedo de avião para poupar a sua saúde. Foram emoções de mais e particularmente as senti quando telefonei para o Tio Chico ao soltar-se a ultima amarra no Clube Naval de Luanda, para lhe dar a minha solidariedade na sua decisão que não tenho duvida deve ter sido das mais difìceis de sua vida.
Usando as palavras da Ana Clara e que transmitem o que todos sentimos:
" Um obrigado Tio Chico pela lição de vida , de coragem e de juventude que nos deu".
Transcrevemos a seguir um texto enviado pelo "Tio" que transmite tudo além das palavras:
"Às 13h30 GMT lá se foi o “Mussulo” de regresso a casa. Dia lindo na linda baía de Luanda.
Muitos amigos no Club Naval à despedida. Muito abraços e promessas de novos encontros que, de certeza, se vão concretizar. Após a largada ainda muitos foram correndo à ponta da Ilha para um último adeus, até que o barco virou para o Poente, e foi sumindo devagar neste tal “rio Atlântico”, lindo também, até se tornar naquela pequena casquinha de nós que nos transportou no sentido inverso.
De manhã, antes da largada, visita de dois novos amigos, pessoas de grande importância na hierarquia de Angola, um deles vindo expressamente de Benguela para jantar conosco. Mais troca de ideias sobre projetos de estreitamento de relações, não só desportivas como a nível das ciências médicas. Sensacional.
O “tio” carinhosa e clinicamente dispensado de fazer parte da tripulação no regresso, viu o “Mussulo” afastar-se... com o nó na garganta. As palavras não saíam mais da sua garganta! Ali ia uma parte de si mesmo, mas compreendeu perfeitamente que os dois clínicos-tripulantes não se quisessem arriscar a transportar um “esqueleto” andante, e regressa amanhã ao Rio, de avião. Quando se soltava a última amarra um telefonema do José Filipe, para lhe dar um abraço foi de tal forma que não o deixou responder. Nem sequer agradecer aquele gesto de tanta simpatia.
Já dissemos que não é possível descrever como fomos recebidos nesta terra de Angola! Para quem aqui viveu duas dezenas de anos, mesmo sabendo que essa é a marca dos angolanos, não poude deixar de passar estes dias todos com uma carga emocional muito violenta. Talvez tenha sido isso, toda essa maravilhosa envolvência que enfraqueceu o físico do “tio”.
Deixar aqui um abraço a todos os que nos acompanharam, e continuam a acompanhar o “Mussulo” na sua saga de regresso, é pouco. Não há palavras capazes de traduzir o que todos levamos dentro de nós. Se o nosso coração sempre esteve dividido, Angola ocupando um vasto espaço, agora passou a ocupar um lugar ainda maior.
O Club Naval mandou até alterar as frequências do seu rádio para se poder comunicar com o navegantes, o que deve começar a fazer a partir de hoje, dia 18.
Já tivemos notícias de que o piloto automático, agora talvez o comando central, voltou a dar problemas, e o “tio” ficou extremamente preocupado, porque, mesmo com físico fraco, poderia ficar ao leme enquanto os dois “jovens sobrinhos” se ocupariam do conserto do equipamento.
Há muito, muito, para escrever sobre todo este especial abraço.
Fica para depois.
Que muito bons ventos – 15 a 20 nós – os levem depressa ao Rio, e sem mais problemas.
O “tio” lá estará para a recepção!"
Francisco Amorim " O Tio"

Um comentário:

Anônimo disse...

Um forte Abraço para o "Tio"...e força aí Zé e Matheus. Boa Viagem pra todos.
Iúri